20.2.07

A marginalidade da luz

Manuel Fazenda Lourenço

Tão inesperado como um assombro,
um coro de tragédia urde, em meu peito,
a travessia da noite. Um barco sem cais,
prevê a morte de peixes transparentes.
De tanto olhar o mar, um marinheiro
enlouquecido, dançou em meus olhos,
ensaiando-me nos pés uma valsa perversa.
Por isso, de tempos a tempos, parto e regresso,
clandestinamente, sulcando no rosto
a marginalidade da luz.
As histórias do assombro com que vestia a lua,
terminaram há muito.
O meu sorriso guarda, inteira,
a desavença de meus dedos.

Graça Pires
De Reino da lua, 2002

2 comentários:

Rosa Brava disse...

Permita-me que a linke, não quero perder o caminho para tanta sensibilidade...

Um abraço ;)

Graça Pires disse...

Eu é que agradeço a forma sensível como lê as palavras que eu escrevo.
Um abraço