Picasso
De madrugada, encho folhas de papel
com um discurso sem vestígios da noite.
Inspiro-me na leveza do ar
sobre o meu peito feito cais de embarque
para uma fuga sem aviso
em busca da própria voz.
Graça Pires
com um discurso sem vestígios da noite.
Inspiro-me na leveza do ar
sobre o meu peito feito cais de embarque
para uma fuga sem aviso
em busca da própria voz.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
16 comentários:
Que bom voltar a lê-la!
É um bocadinho como voltar a casa...
Um beijo
Eu só com a noite amanheço
bjs
Porque escrever é um acto solitário, uma procura da revelação de nós a nós? E a madrugada pode ser tranquila, liberta de outras vozes, enleios?
Sejam quais forem as circunstâncias, escrevemos, afirmamos a nossa singular existência.
Um beijo, Graça,
Vejo-te, etérea, neste poema.
E nesse cais de embarque buscas, certamente, um lugar de chegadas.
A eterna busca, não é?
A busca da própria voz e como, por vezes, ela desafina tanto! como gostei. Sempre, sempre a eterna procura.
A voz que nos identifica e delata...
Unha aperta grande grande.
:)
Gosto da tua inspiração...
de te ver a encher as folhas de papel...
e claro, do teu cais de embarque...
hás vezes vem em catadupa. Noutras....
beijos
Se vais em busca da própria voz...
pois que cantes!
Abraços.
Oi, adorei as linas bem escritas com bom gosto.
Abraços
Graça: muitas vezes buscamos desesperadamente o silêncio...pra encontrarmos respostas.....Bjus mil diretamente do meu Cotidiano.
Partir do cais do peito em busca da própria voz. Nas horas da madrugada e em muitas outras. Como um destino. Como uma condenação.
Beijo.
uma voz que madrugada solta. e não se deixa capturar...
belo.
e eu regresso...não de madrugada...
já pelo dia adentro.
em sossego.
para te ler.
O desassossego.
beijo-!
/piano.
Muito obrigada a todos os que comigo partilharam esta busca da prória voz.
Um beijo.
há muito que não passava por cá mas é bom voltar.
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