27.11.07

Nómada da noite

Todd Gipstein

Nómada da noite, entro no coração do texto,
para dizer o exílio nos olhos de Ulisses.
Tenho a idade dos barcos que sonhei.
Um traço de infortúnio atravessa meus lábios,
espessando o sangue que, nas veias, vai cerzindo
a distância que me separa do absurdo.
Há quem enlouqueça a olhar o mar,
com barcos sangrando sobre as costas.


Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003

17 comentários:

Manuel Veiga disse...

há exilios assim - próximos da loucura. e olhos que alcançam longe e fundo.

(e poemas deslumbrantes...)

hfm disse...

Outro Grande poema. O início fez-me lembrar Corto.

Marinha de Allegue disse...

"...a distancia que me separa do absurdo...". Ás veces é tan pouca e ás veces demasiada, máis nunca se atopa lonxe.

Fermosas palabras.

Apertasss
:)

Monte Cristo disse...

O sangue, sempre o sangue, sinónimo de dor, ou de vida?

E o que é o absurdo? Aquilo que sonhámos e não tivemos?

Esperemos pelo fim do universo e pelo próximo Big Bang.

Para recomeçar.

São disse...

Mais um bom poema!
Abraço.

Anónimo disse...

nómada do mar, feito barco, feito busca inscrita no sangue líquido das intempéries marítimas, feito horizontes inalcançaveis -

muito bom, Graça!

Teresa Durães disse...

estou rodeada de absurdo, ainda não consegui esse afastamento

Anónimo disse...

Cara Graça,
Manifesto-lhe os meus sinceros parabéns pelo que escreve.

Um abraço
Mel

Isamar disse...

deixo-te beijinhos e agradeço as palavras amigas.
Tem uma boa noite.

Anónimo disse...

O mar sentido.

Belo!

bjs
Ana

fernanda disse...

Lindo!

alexandrecastro disse...

aqui fica um mimo para a acompanhar nessa vastidão de oceano!
beijinho

Anónimo disse...

O mar, os barcos, a errância... O exílio de Ulisses. Tantas vezes na sua poesia! Mas Ulisses é o Homem do Regresso. O que escolheu dizer não aos deuses.
Um beijo

Anónimo disse...

Há quem mergulhe nele, tentando lavar a alma, purificar o sangue que lhe jorra do peito.

hora tardia disse...

obrigada Graça.




por este teu mar....



lúcido.




bjj de boa noite.

Graça Pires disse...

Há exílios assim, Herético, tão rentes à solidão que levam à loucura.

Obrigada Helena, Marinha de Allegue, São, Mel, Ana, Teresa,Alexandre, Magnohlia,Sophiamar, Noite e Hora tardia. Um beijo para vocês.

Olá João Carlos. Não nos dói a vida tantas vezes absurda?

Maria, gostei da interpretação que fazes do poema.Um beijo.

Soledade, é verdade: Ulisses é o homem do regresso. Penélope é a mulher de todas as esperas. Um beijo.

lena disse...

mais um belo poema

enlouqueço eu saudavelmente, enquanto te leio e no mar o meu olhar é silêncio enquanto sorve cada onda no sei vai e vem

exilada deixo-me embarcar na tua poesia

o meu abraço terno

um beijo para ti Poeta que me encanta

lena