6.11.08

Em seara alheia



DERAM-ME O NOME


Deram-me o nome
da mãe
da avó
e de outras ancestrais que não conheci

a avó fez jus ao nome
e de Andaluzia onde foi menina
trouxe a espantosa solidão
da cama desabitada
dos filhos todos
perdidos
na guerra

a mãe foi artesã
da alegria
(da minha não da sua)
e passou breve
cisne ao sol
sacrificado

e agora
eu herança
no longe dos seus olhos.

Soledade Santos
Aqui
In: Quatro Poetas na Net. Maia: Sete Sílabas, 2002

30 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

eu tenho um nome: o teu, que sigo.


beijo de bom dia.


obrigada Graça.

Fred Matos disse...

É sempre bom encontrar e ler os poemas da Soledade.

Paula Raposo disse...

Um magnífico poema...beijos.

d'Angelo Rodrigues disse...

O que dizer depois de "cisne ao sol sacrificado" ou "herança no longe dos seus olhos"? Nada: apenas contemplar tamanha poesia.

Anónimo disse...

Graça, este poema é especial para mim porque nele afirmo a minha identidade e pertença: sou uma mulher; e venho daquelas mulheres que a vida me arrebatou muito cedo. É contra o espaço deserto das vozes delas que escrevo boa parte do que escrevo.
Graça, por esta e outras cumplicidades, muito obrigada. É bom estar aqui!
Agradeço os comentários gentis dos visitantes do ortografia.

Leila Andrade disse...

Graça, seguir os passos daqui é sempre uma grande surpresa e alegria.
Bjo

O Profeta disse...

Sublimes palavras em luminoza tela...



Doce beijo

M.A. disse...

gosto imenso dos poemas da Sol.Este , em particular, toca-me imenso.

Obrigada a ambas,

mariah

maria vital disse...

o nome não é meu, é de quem me chama por ele...

Um beijo


enorme

JPD disse...

Os contornos da identidade atavés do nome, da herança, do carácter.

Bjs

Unknown disse...

Só digo que o poema me tocou muito.
EA

Teresa Durães disse...

a família que perpetua

maré disse...

legaram-me o nome

e

nele

o vendaval de todas de todas as sílabas.

______

lindo, Graça.
e obrigado por me dares a conhecer a Soledade.

um beijo, à beira ria.

Andreia disse...

E devemos mostrar orgulho! *

São disse...

Gostei imenso e não conhecia a utora: obrigada.
Feliz fim de semana, Graça.

De Amor e de Terra disse...

Olá Graça, boa tarde.
AMEI!!! Obrigada pela partilha

Bj

Maria Mamede

vieira calado disse...

Olá, caríssima.
Creio que foi em Poesias e Canções que li mais um excelente poema seu.
Parabéns pela participação.

Bjs

Licínia Quitério disse...

Obrigada às duas MULHERES que aqui nos dão caminhos.

Bomfim de semana, Graça.

http://cinzasdecarvalho.zip.net disse...

As ancestrais... como fazem falta e como, por breves e sofridas passagens terrenas, são gloriosas, purificadas, estímulos nossos para o cumprimento do bem, da justiça, da eqüidade, das mãos estendidas sempre e a quem for. Somos heranças de belíssimas mulheres, mulheres como nós: você, eu, a Soledade e todas as outras que possuem luz, porque a herança é a continuidade.
Esteve muito bem "na seara do bem alheia".
Beijo enorme.
Bárbara Carvalho.

dona tela disse...

Convido para fazer uma experiência lá no meu sítio. Olhe que é muito giro!
Respeitosos cumprimentos.

Ailime disse...

Muito belo este poema de Soledade Santos, de homenagem a sua mãe que por certo, cedo partiu!
Grata por dar-me a cohecê-lo.
Beijinhos.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Todos carregamos o nome da nossa história, dos nossos ancestrais.
Somos o traço de um pouco do todo para nos tornarmos muito de nós mesmos.
Amei o poema.
beijo no coração

Anónimo disse...

Adorei o poema, fez-me lembrar "Para Sempre" de Virgílio Ferreira...

Um grande abraço,
Gisela Ramos Rosa

Manuel Veiga disse...

retenho a última estrofe. belíssima. no conjunto do excelente poema...

beijo

Anónimo disse...

Uma indizível melancolia, gostei muito. Parabéns!

dade amorim disse...

Maravilhosa Soledade, como gosto dela e de seus poemas!
Beijo.

GraficWorld disse...

Olá gironzolavo entre os blogs e aqui estou a saudá-lo em suas férias uma!

Anónimo disse...

Lindo este poema da Soledade Santos.
Gostei muito.
Beijo.

batista disse...

grato, por dar-me conhecer tão belo e sentido poema.

Parapeito disse...

Gostei...bonita homenagem de quem escreveu e tua ao partilhares connosco
***