3.11.08

Irremediavelmente

Alfredo Cunha

Talvez não valha a pena
amarfanhar palavras
para fugir do medo.
A vida não é um jogo.
É uma espécie de nudez,
onde se perde o pé,
irremediavelmente.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

43 comentários:

Teresa Durães disse...

principalmente a vida é algo complicado que se vive diariamente. pelo menos assim a vejo

pin gente disse...

sinto medo de dizer. não te conheço! como posso falar-te se nunca te conheci. é o medo que me ocupa os dedos. que me rouba palavras e frases. é o medo que me impede de ser eu. porque não sei se és tu. porque não sei o que és! como posso dizer-te se ou que te amo? já o fiz, sem medo! não voltarei a fazê-lo. muito menos quando o medo se agarra a todas as minhas palavras. em mais nenhum rio perderei o pé!



um beijo, graça

d'Angelo Rodrigues disse...

Poucas, belas e precisas palavras dizendo tanto. Talvez onde estejamos no caminho defina o desnudar, o que será o objeto do despojamento: se tristezas ou sonhos.

maré disse...

irremediavelmente

desnudam

e são

seio

voo

clarão

______
amo a geografia da tua palavra.

um beijo,líquido...

maré

http://cinzasdecarvalho.zip.net disse...

Ai! ai! que esse eu poético diz perder a voz, perder o pé, mas, engraçado, acho que ele achou, na verdade mesmo, tudo em dobro, triplicado, quadriplicado ou mais! A sua voz poética sempre elevada à potência infinita. Seus pés atêem-se ao chão ou deles se libertam para os vôos dos sonhos... Não perdeu nada, somou, multiplicou... e o faz no exercício diário da vida! Beijo no seu triplicado coração. Bárbara Carvalho.

Márcia Maia disse...

tenho vindo aqui, em silêncio. mas não pude resistir á beleza deste poema.
deixo um beijo. e vou linkar seu blog nos meus, certo?

Anónimo disse...

Um poema breve, condensado. Gosto dele, desta nudez também do discurso, a encenar quanto diz nas poucas palavras de que precisa para dizer que a vida não dá cartas duas vezes. Apreciei o modo como o título, com o verso de remate, encerra todo o poema nesta afirmação devastadora de que a vida sempre a sério, é sempre a doer.
Boa semana, Graça
Bj

partilha de silêncios disse...

Lindo,o poema.Grande a verdade!

É sempre um prazer passar por aqui !!!

bjs

mafalda disse...

A inevitabilidade de sermos meros peões, neste tabuleiro da vida, onde as jogadas não são decididas por nós.
Beijos.

Maria Carvalhosa disse...

Querida Graça,
Pois é, amiga, já estamos em Novembro... esse mês sombrio que se segue ao doce Outubro.

Não precisas de me agradecer seja o que for. Sabes, pelo contrário, que constitui para mim um enorme prazer e um privilégio o facto de poder divulgar-te.

Agora um pedido: por favor, não sejas cerimoniosa comigo. Penso que costumavas tratar-me pot tu, como eu a ti... estranhei hoje o tom, que senti algo "distante", nas tuas palavras deixadas no meu blogue.

Já agora, perdoa utilizar este meio mas... podes confirmar-me se recebeste os acessos, via mail, para o outro espaço?

Obrigada por tudo.
Beijos.

Unknown disse...

Fugir do medo. Mais do que fugir: olhá-lo. Vagarosamente. Então... veremos a nudez do medo, sem importância, títere com sorriso alvar. E veremos a nossa nudez, mas essa: plena, forte, sublime. Com palavras nuas. Belas.
Beijo.
Eduardo

De Amor e de Terra disse...

Às vezes, é bom perder o pé;ir á deriva, é perigoso, bem sei, mas tem horas em que é muito bom...
no entanto, há outras, muitas, em que o "perigo" pode custar a "vida" !...

Bj

Maria Mamede

Benó disse...

Quando o redemoinho da vida nos absorve e perdemos o pé IRRE
MEDIAVELMENTE, partimos para o outro lado e já não há regresso.

Um grande abraço e boa semana.

hfm disse...

A concisão de quem irremediavelmente interroga.

Anónimo disse...

Impossível viver sem arriscar...

Grandioso este pequeno poema.
beijo.

Luis Eme disse...

não lhe chamava nudez, mas que perdemos o pé, invariavelmente, perdemos, Graça.

abraço

Mar Arável disse...

A tropeçar

também se voa

Ailime disse...

Um poema em que as palavras concisas são de uma evidência enorme!
"Irremediavelmente" a vida vai-se-nos escapando numa celeridade atroz!
Muito belo, de tão verdadeiro que é!
Um beijo.

Celina Rodrigues disse...

É simplesmente o maior tesouro de cada um de nós.

isabel mendes ferreira disse...

a vida é perder o pé quando te leio. depois encontro-me. quando te revejo.


assim.


profética e imensa.


bom dia Graça.


________________beijo-te.

Anónimo disse...

nas dúvidas da certeza,
no expressar do viver.

na procura do reencontro

Paula Raposo disse...

E eu acrescentaria que inevitavelmente...gostei de ter. Beijos.

firmina12 disse...

aqui ganho vida e com asas
um beijo

Bandida disse...

é este jogo de sentidos irremediáveis.


abraço!

São disse...

Sim, a vida é um oceano onde perdemos o pé...e , por vezes, tudo.
Abraço-te.

Isamar disse...

A quem o dizes, amiga! E com tão poucas palavras, dizes tanto. É a força da poesia.

Beijinhos

JPD disse...

Há alturas de menor apaziguamento que, de facto, esse sentimento é inexorável.
Até dói!
Cada iniciativa parece ser pior sucedida que a anterior.
Bjs

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Sucinto e profundo. É sempre muito difícil dizer tanto com tão poucas palavras.

Nem preciso dizer que ler-te é um raro prazer.

beijo no coração

isabel mendes ferreira disse...

hoje mais nua de cepticismo....

abraço as tuas palavras.



.


bom dia Graça.

Mié disse...

não, não vele a pena. perseguir-nos-á enquanto não o chamarmos pelo nome.

A vida não é um jogo é uma fatalidade______nua

"With each step you fall forward slightly. And then catch yourself from falling. Over and over, you're falling.
And this is how you can be walking and falling at the same time"
L.Anderson


Um beijo

enorme

São disse...

Se aceitares, flores te aguardam lá em casa, Graça.
Um beijo.

Nilson Barcelli disse...

Não vale a pena, de facto.
Este poema é pequeno no tamanho, mas grande na qualidade.
Beijinhos.

Peter Pan disse...

Linda e Sensível Amiga:
Um poema profundo. Bem significativo.
Uma sensibilidade poética linda e " alucinante" de encanto e verdade.
"...A vida não é um jogo.
É uma espécie de nudez,
onde se perde o pé,
irremediavelmente."

Sim! Não há que a temer. A vida. A nossa existência como a concebemos e somos.
Existe sempre algo que nos faz "perder o pé"...!
Seja em que circunstâncias for.
Pressente-se uma verdadeira intencionalidade bela. Pura. Majistral. A sua, Amiga Gigante!
Parabéns sentidos.
Perfeito e lindo!
Adorei!
Beijinhos de amizade.
Sempre a estimá-la e a considerá-la.
Imenso. Pela incrível e deslumbrante criatividade poética.

p.pan

MUITO OBRIGADO, por existir, amiga!

mundo azul disse...

Um poema muito bonito!

Sim, não vale a pena fugir do medo...O melhor é encarar os seus olhos de uma vez por todas!

Beijos de luz e o meu carinho...

© Maria Manuel disse...

tão assertivo e tão belo!, Graça!

beijo grande!

livia soares disse...

Querida Graça,
mais uma vez, saio daqui comovida com o que escreveste.
Um abraço.

Assis de Mello disse...

Belo e conciso poema, Graça; restrito como a calha do pequeno ribeiro que percorremos nus ao longo do viver, mas com a amplidão daqueles medos de quando esticamos a visão para horizontes alheios a nossa compreensão.
Poema belo e profundo, quase um precipício.
Chico

Regina Graça disse...

Mesmo sem pé filme, entremos pela vida adentro, até ao mais profundo das palavras e do medo.

Beijo grande

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um poema curto, real e tão sábio.

nao será demais dizer que escreves muito bem.

beij

Jaime A. disse...

Perde-se o pé, talvez seja assim a vida, num poema que diz tudo e que deixa tanto para continuar.
Parabéns. Um abraço.

batista disse...

às vezes o medo é tanto que os pés de nada servem.
quanto às palavras, tuas, propiciam voos.

deixo um abraço fraterno.

Parapeito disse...

Gostei :)
Ás vezes não é assim tão mau...perder o pé...


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Mapas De Espelho ( Imagem Suzzan Blac) disse...

Mas é boa qd e flutua..