10.10.06

As mãos

Caravaggio


Quando o crepúsculo, quase extinto,
se demora no olhar, há um barco,
fatigado do rumor das vagas,
que se faz lágrima, lambendo
o rosto, sulco a sulco.
É então, que as mãos se identificam
com o coração das aves, de tão inquietas.
Aceitação ou dádiva, afago ou dor, prece ou raiva?


Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996

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