Atravessar a lenga-lenga de um discurso perverso,
com legendas de protesto marcadas na testa.
Desarticular a engrenagem do futuro,
com um pé de rosmaninho
preso ao passaporte da evasão.
No encalço do poema
acendemos, de boca em boca, uma fogueira.
Dir-se-ia ser a palavra o cordão umbilical
que põe em uníssono as mãos e os gestos,
rumo à urgência de um tempo de absolvição.
Graça Pires
De Labirintos, 1997
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