20.10.06

O rio

Norbert Rosing




Onde estivermos, a madrugada
será íntima de veleiros
que transportam a voz do rio,
contemporânea de todos os silêncios.
Porém, não acredites na excessiva
vertigem da corrente.
Tanto azul, só pode ser a cor
dos pássaros marinhos,
improvisando a foz, tão devagar,
que o mar se agita rente aos ventos.


Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996

2 comentários:

Alexandre Bonafim disse...

Graça, como sempre suas palavras tateiam sopros dulcíssimos, feitos de uma musicalidade encantante. Sou seu fã. Fico surpreendido ante a sua singeleza. Estava a fazer uma reflexão sobre os meus textos. Muito gente acha que eu sou pesado demais, existecial demais. Talvez os outro tenham razão. Quando eu a leio, levito. Torno-me menos chumbo, mais vôo.
A foto é linda.
Grande abraço do Alexandre Bonafim.

Alexandre Bonafim disse...

Graça, no meu depoimento ocorreu uns errinhos de digitação. Perdão. Alexandre Bonafim.