Na nudez das mãos o poema tarda.
Ébria de um proibido mel recuso
dedilhar, ao acaso, definições simbólicas,
ou românticas entoações, a justificar o ritmo das palavras. Cativa de outras falas,
rodeio-me de letras perturbadas para dizer paixão.
A semente e a seiva, o parto e a morte, a montanha e a vertigem,
incendeiam-me os lábios e fustigam os meus passos em direcção
a todas as madrugadas.
Quero um poema, ainda que imperfeito, mas que fale de amor.
Que diga o corpo inteiro, antevendo o júbilo das mãos.
Que diga a boca adjacente à boca, e os olhos em festa, e a lua
ardendo, atónita, nas veias. Um poema onde doa a ausência
dos abraços, onde se redima
a mendicidade do olhar.
Graça Pires
Ébria de um proibido mel recuso
dedilhar, ao acaso, definições simbólicas,
ou românticas entoações, a justificar o ritmo das palavras. Cativa de outras falas,
rodeio-me de letras perturbadas para dizer paixão.
A semente e a seiva, o parto e a morte, a montanha e a vertigem,
incendeiam-me os lábios e fustigam os meus passos em direcção
a todas as madrugadas.
Quero um poema, ainda que imperfeito, mas que fale de amor.
Que diga o corpo inteiro, antevendo o júbilo das mãos.
Que diga a boca adjacente à boca, e os olhos em festa, e a lua
ardendo, atónita, nas veias. Um poema onde doa a ausência
dos abraços, onde se redima
a mendicidade do olhar.
Graça Pires
De Reino da lua, 2002
1 comentário:
Bom texto. Simetrico, romantico sem ser piegas. Parabéns.
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