Por todas as razões que definem o rumo
do vento, ou o tornam cativo nas velas
de um barco sem destino,
sempre um sonho nos arrasta.
Não, não quero ser salva de previsíveis
sempre um sonho nos arrasta.
Não, não quero ser salva de previsíveis
transgressões a um código de rotinas impostas.
Sou jovem. Hei-de sobreviver ao meu próprio caos,
antes que a noite seja mágoa no poente
e, por dentro das manhãs,morram os pássaros
sufocados de tristeza.
Hei-de sobreviver, antes que, de boca em boca,
circulem as palavras prisioneiras da ilusão,
ou o rio que me corre nos olhos
esgote o seu caudal em litígio com a nascente.
Hei-de sobreviver, porque existe um outro tempo:
Sou jovem. Hei-de sobreviver ao meu próprio caos,
antes que a noite seja mágoa no poente
e, por dentro das manhãs,morram os pássaros
sufocados de tristeza.
Hei-de sobreviver, antes que, de boca em boca,
circulem as palavras prisioneiras da ilusão,
ou o rio que me corre nos olhos
esgote o seu caudal em litígio com a nascente.
Hei-de sobreviver, porque existe um outro tempo:
livre, povoado de rostos que antecipam
o percurso da esperança.
Existe, sim, um continente soalheiro,
ao alcance do mais íntimo pressentimento da vida,
onde, em asas de gaivota, nascem os homens
reconciliados com a morte.
Graça Pires
Existe, sim, um continente soalheiro,
ao alcance do mais íntimo pressentimento da vida,
onde, em asas de gaivota, nascem os homens
reconciliados com a morte.
Graça Pires
De Reino da lua, 2002
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