Salvador Dali
Todas as noites me despeço de ti,
como se existisses nos meus gestos.
Construíste, pedra a pedra,
o circuito fechado de um pretexto ausente.
Agora, já não és senão o falso alarme do meu corpo.
Ocorrem-me, até, palavras de um sossego
de pétalas e penso no amor
como se de uma fraude se tratasse.
Sou o pão e o vinho num festim de contradições.
Tenho, no sangue, um ciúme liquefeito
que transtorna os caminhos de exígua claridade
onde as palavras perdem o sentido.
Graça Pires
De Labirintos, 1997
Todas as noites me despeço de ti,
como se existisses nos meus gestos.
Construíste, pedra a pedra,
o circuito fechado de um pretexto ausente.
Agora, já não és senão o falso alarme do meu corpo.
Ocorrem-me, até, palavras de um sossego
de pétalas e penso no amor
como se de uma fraude se tratasse.
Sou o pão e o vinho num festim de contradições.
Tenho, no sangue, um ciúme liquefeito
que transtorna os caminhos de exígua claridade
onde as palavras perdem o sentido.
Graça Pires
De Labirintos, 1997
2 comentários:
"o falso alarme do meu corpo". a presença permanente do outro em nós. muito bem visto. um beijinho.
Obrigada. Temos a nossa maneira de sentir as presenças e as ausências.
Um abraço.
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