Voltaremos muitas vezes a um jardim de plátanos
com o luar engatilhado nos olhos.
Dir-te-ei nomes de estrelas ao acaso,
como um desvio da fronteira
desenhada ao redor de nós.
Lado a lado, iremos rever novembro pelas ruas,
devassando vigílias, cantando em surdina
a intimidade de sermos amantes,
neste percurso de pássaros subitamente em fuga.
As árvores são discretas.
Por isso, levar-te-ei para habitares comigo
o improviso de viver.
Estaremos em toda a parte.
Sobrevoaremos os espaços interditos
e seremos a notícia anunciada
pela voz indomável dos que ostentam na boca
a urgência dos beijos e do riso.
Vem comigo, amor.
No escuro chegaremos à fonte pelo cheiro da sede
e moldaremos na água a transparência
dos momentos em que a madrugada se comove.
Graça Pires
com o luar engatilhado nos olhos.
Dir-te-ei nomes de estrelas ao acaso,
como um desvio da fronteira
desenhada ao redor de nós.
Lado a lado, iremos rever novembro pelas ruas,
devassando vigílias, cantando em surdina
a intimidade de sermos amantes,
neste percurso de pássaros subitamente em fuga.
As árvores são discretas.
Por isso, levar-te-ei para habitares comigo
o improviso de viver.
Estaremos em toda a parte.
Sobrevoaremos os espaços interditos
e seremos a notícia anunciada
pela voz indomável dos que ostentam na boca
a urgência dos beijos e do riso.
Vem comigo, amor.
No escuro chegaremos à fonte pelo cheiro da sede
e moldaremos na água a transparência
dos momentos em que a madrugada se comove.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
4 comentários:
Se a fotografia de Edouard Boubat me deixava sem palavras, agora encontrei-as. Esta dádiva de escrever com o coração é sua. O prazer ao ler é só meu. Muito obrigado!
Carlinhos
Mais uma vez estou aqui a pedir-lhe a sua poesia.
É um prazer partilhar a beleza das suas palavras.
Um abraço carinhoso ;)
Graça, é noite alta no Brasil, estou no seu blog fazendo uma roteiro para a aula de amanhã. Esse poema, de contundente lirismo, incendeia meu ser até alto gume do divino. Abraço, amiga.
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