15.6.07

Repara


Para o meu filho Pedro

Senta-te perto de mim, meu filhoNão tenho a tua idade. Eu sei.
Também já tive tanta pressa
de desafiar o vento.
Repara :
não há ninguém à entrada da noite.
Deixa que, do teu peito,
se avistem as estrelas.
e arde numa delas. Arde.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

8 comentários:

Luis Eme disse...

E ele sentou-se... orgulhoso das palavras da mãe...

Maria Carvalhosa disse...

Apetece-me agarrar no teu poema e dizê-lo ao meu filho António...

Que complicada pode ser a relação entre uma mãe que já os teve e um filho que agora tem... 20 anos. E, no entanto, amam-se tanto!...

Um beijo com muito afecto.

Teresa Durães disse...

o meu com quinze e eu a dizer o mesmo...

mas sei que há experiências que têm de ser vividas para ser compreendidas. Nós ficamos cá atrás, o conforto para os momentos dolorosos, enquanto eles vão ter a pressa que um dia tivemos.

gostei bastante. ele gostou?

boa tarde

Anónimo disse...

Não há para um filho prenda melhor que a conjugação do afecto da Mãe, e essa ultrapassou este poema e tem sido diária e constante nestes 30 anos.

Por isso Mãe, Agradeço-te não uma mas duas vezes.

Beijos.

Pedro.

A.S. disse...

Muito lindo!...

Anónimo disse...

"Também já tive tanta pressa/ de desafiar o vento"
O poema termina num incentivo à luz, à esperança, à vida repleta de sentido; mas eu escolho estes dois versos - entre o que fomos e o que somos, entre a mãe e a criança que já não cabe na "moldura" (como diz o Eugénio de Andrade), uma ponte de ternura, de entendimento construído. É tão tocante o poema como a resposta que obtém.

Alves Bento Belisário disse...

"...E ver esbater-se
O verbo na madrugada do sossego
Dos seios das virgens."

Graça Pires disse...

Obrigada Luis pelas palavras e pela visita. Um abraço.
Maria, os filhos são a única coisa que temos verdadeiramente nossa. Mas é complicado, sim, entendê-los e entenderem-nos. Retribuo o beijo e o afecto.
Teresa, o teu filho com 15 anos? Tens um longo caminho...mas é como dizes: as coisas têm que ser vividas. Desejo-te muitas felicidades.
Pedro, meu filho, gostei tanto deste conjugar de afectos... Um grande beijo.
Obrigada A.S. e um abraço.
Obrigada Soledade. Lembrando o Eugénio, diria que todas as mães gostavam que os filhos lhes dissessem "às vezes ainda sou o menino que adormece nos teus olhos". Um beijo.
Alves B. B., obrigada pela visita e pelo comentário.