Alfredo Cunha
Ninguém me viu
mas, na multidão,
era indelével
o meu vulto
atento à vida
como um sonho aceso
e no meu rosto
havia uma bandeira colorida
mas ninguém me viu,
muda de mágoa,
placenta das palavras que gerei
no aceno dos meus braços.
Ninguém me viu
e os meus passos
soavam a loucura
ao ritmo de um verso
e no meu olhar
estava impressa a solidão
mas, na multidão,
era indelével
o meu vulto
atento à vida
como um sonho aceso
e no meu rosto
havia uma bandeira colorida
mas ninguém me viu,
muda de mágoa,
placenta das palavras que gerei
no aceno dos meus braços.
Ninguém me viu
e os meus passos
soavam a loucura
ao ritmo de um verso
e no meu olhar
estava impressa a solidão
mas ninguém me viu.
Graça Pires
Graça Pires
De Poemas, 1990
5 comentários:
Uma feliz conjugação da imagem com o poema. Que tão bem diz do estar à parte, do apelo que não achou acolhimento, da singularidade que dói. Gostei muito.
Soledade
Cara Poetisa hoje particularmente descobri blogues encantadores casualmente e coincidência ou não, logo fiquei entusiasmado com o teu.
Realmente que sensibilidade sublime, o saber brincar com as palavras e jogar com a beleza da dicção é fantástico e meio caminho para a criação e imaginação poética.
Um abraço e até breve ... foi bom este primeiro contacto.
Em relação ao Poema ... não é segredo que está fascinante e encantador.
Sabes era bom demais
se o esconderijo fosse seguro
mas a falta de segurança do muro
não evita que caias jamais.
Ser indiferente incomoda
e de que modo determinada gente
não te precipites e sê paciente
porque saber Viver passou de moda.
Acredito que passes despercebida
pois a desumanidade prolifera
tal como maus gazes da atmosfera
se ninguém te viu continua atenta e atrevida.
Eu juro que te vi!
A tua mão voava, como uma pomba esperando o bago, esfomeada, carente.
Eu vi, juro que te vi!
gostei muito
bj
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
Belo poema!
Soledade, bem haja mais uma vez pelo seu comentário tão cheio de sensibilidade e sabedoria.
Caro António Silva, volte sempre e obrigada pelas palavras.
Guilherme, não me viu não. Isto passou-se há tanto tempo e você não era nascido.
Paula Raposo, obriga por gostar e mo dizer.
Um abraço a todos.
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