29.5.07

Vem comigo

Robert Doisneau

Empurro, com gestos clandestinos,
o intervalo existente entre mim
e a sombra das tuas mãos.
Diz-me palavras insensatas,
para que eu percorra os segredos
escondidos no silêncio da tua voz.
Toca-me com lábios enlouquecidos.
Vem comigo.
Verás o halo inconfundível da poesia
celebrando paixões, arrasando nomes,
vigiando o começo da febre
nas terras onde maio é manso.
Deixa-me ser um peixe verde
no aquário, sem dimensões, do teu olhar.

Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

5 comentários:

Teresa Durães disse...

:)

é tão bom estar apaixonada!

bom dia, gostei!

Memória transparente disse...

"Empurro, com gestos clandestinos, o intervalo
existente entre mim e a sombra das tuas mãos
(...)"


Lindo.

Paula Raposo disse...

Gostei da imagem do peixe verde...um poema muito belo! Beijos.

Graça Pires disse...

Teresa, é bom mesmo... Um beijo.

Maria, é sempre boa a sua visita. Um beijo.

Obrigada Paula e um beijo.

Xana disse...

Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma.

Adorei a utopia do seu poema.

Felicidades
Um abraço