20.5.07

Apenas um momento


Quando a véspera
do mais prolongado sossego
me fere a solidão da infância
quero um momento,
apenas um momento,
para que o excesso de luz a prumo
amotine as palavras nos meus lábios
e as confunda com a quietude
urgente da paisagem.
De pulsos iluminados
poiso a voz no fundo da tristeza,
para expor a voz de outrora:
no dia mais bonito que vier irei,
sem rumo algum, ao deus-dará,
procurar um lugar para morrer,
as vezes que eu quiser, até nascer sem dor.

De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007

5 comentários:

Um Poema disse...

"Apenas um momento" é mais um excelente momento de poesia.

Um abraço

Paula Raposo disse...

Um momento...um breve momento. Lindíssimo poema! Um beijo.

Teresa Durães disse...

entre a mensagem do poema (a que leio) e o poema em si;

quem me dera também "procurar um lugar para morrer,/
as vezes que eu quiser, até nascer sem dor."

não podendo, vai-se morrendo e nascendo :)

gostei

Graça Pires disse...

Obrigada minhas amigas Paula e Teresa e obrigada Vítor. A vossa visita agrada-me sempre muito. Um abraço.

Menina Marota disse...

"...no dia mais bonito que vier irei, sem rumo algum, ao deus-dará, procurar um lugar para morrer,
as vezes que eu quiser, até nascer sem dor."

Porque eu gostaria que esse dia, a mim viesse...


Beijo ;)