30.5.07

O coração não tem margens

Robert Adams

Como se todas as coisas fossem possíveis,
mesmo o milagre de vozes solidárias e cúmplices
na teimosia de quem acredita na magia
de qualquer lonjura, sei, de súbito,
que o coração não tem margens:
é um mar frágil que submerge
os olhos desprevenidos do homem.


Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1993

6 comentários:

A.S. disse...

o coração é um mar imenso feito de vagas tristes e sonhos vagos, que se desfazem quando embatem em fúria nos rochedos...


Um beijo!

Teresa Durães disse...

não tem, é verdade (e eu acredito na magia da vida). Acontece apenas. Quando desprevenidas(os)

gostei!

boa noite

Anónimo disse...

Graça, li algures (creio que num ensaio na net) que a sua poesia é "solar". Parece-me que sim. Afirmação da esperança, "Como se todas as coisas fossem possíveis" pelo afecto. Eu não sei se essa nossa natureza - a do coração sem limites nem lonjuras - será desgraça ou benesse. Mas também não sei de outro caminho para a vida: "o coração não tem margens".

Uma boa noite, um beijo

Graça Pires disse...

A.S., gostei do coração feito de vagas tristes e sonhos vagos. Obrigada e um beijo.

Teresa é sempre um gosto a tua visita. Um beijo.

Soledade, o seu comentário é bonito como sempre. Creio que a poesia, quando sentida, reflecte a maneira de ser de quem a escreve. Eu sou de facto uma mulher para quem a esperança e o sonho nunca acabam. Os afectos tornam tudo possível... Ainda bem que gostou. Um beijo.

Anónimo disse...

O poema é belo; e a leitura, a retribuição possível a quem nos oferece a beleza. Sim, adivinha-se-lhe essa força. Não me vou é deitar a adivinhar o seu signo do zodíaco... :)

Paula Raposo disse...

Lindíssimo poema! Beijos.