20.12.21

Em dezembro



Em dezembro entram pelas casas 
os pinheiros mansos. 
O cheiro da resina solta o tumulto 
do pinhal em cada sala. 
A infância ali mesmo a luzir 
em pequenas lâmpadas, 
nas bolas coloridas, 
nas fitas e nos laços. 
E brilham os cabelos das crianças. 
Brilham os seus olhos, os seus dentes, 
o seu riso tocado por uma alegria simples. 

Há carícias esquecidas pelo ar, 
espalhadas por mãos desiguais, 
em casas desiguais, 
em noites desiguais. 
E a escuridão não tarda a doer 
no desalento de quem está só 
na vigília destas horas.


Graça Pires
 Natal 2021


 

Neste Natal deixo em todas as janelas        

a chama de uma vela                                  

para que possam sentir o meu abraço.

UM NATAL PLENO DE AMOR

UM ANO DE 2022 COM SAÚDE, PAZ E CONFORTO.



Se quiserem ouvir o poema podem fazê-lo aqui: 

                                                               https://youtu.be/JQYMIM8yVKs

Voltarei no dia 3 de Janeiro de 2022

13.12.21

Interação Fraterna de Natal 2021

A convite da Amiga Rosélia Bezerra aqui deixo a minha participação nesta fraterna interação de Natal.



Desta vez peço a voz emprestada ao Poeta Miguel Torga, porque ele escreveu o que eu gostava de dizer: 

Nasce mais uma vez, 
Menino Deus! 
Não faltes, que me faltas 
neste inverno gelado. 
Nasce nu e sagrado 
no meu poema, 
se não tens um presépio
mais agasalhado. 
Nasce e fica comigo 
secretamente... 



É dentro de nós que o presépio acontece.

É em nosso olhar que a luz dos sonhos se demora.


Um Natal cheio de Amor para todos.

6.12.21

Em seara alheia



Aos migrantes na fronteira de nenhum futuro

Hoje, pela manhã ouvi o noticiário. 
Nada de novo a espantar o mundo. 
Sem surpresa constatei os mesmos mapas 
a mesma angústia, o frio da ignorância 
o idioma da fome como destino sem fronteira. 
De que espessura é feito o desamor? 
Que trompa enlouquece a humanidade? 
Poupem-me aos discursos eloquentes 
senhores da terra e da miséria. 

Ouvi o noticiário 
e a música 
e as piadas do locutor. 
- Há que falar do tempo que arrefece 
das luzes que acendem à dobra da noite 
o parto das ilusões. 

Afinal nada de novo a espantar o mundo. 

E eis a minha crença: os homens morrem a sós com os seus infernos 
sem o sobrevoo de uma luz que os elucide.

Luísa Henriques 
20 de novembro de 2021