29.10.18

Convite - UMA VARA DE MEDIR O SOL

Atenção! Devido a erros de impressão que afectam o conteúdo dos poemas, peço que não façam pedidos até o problema estar corrigido...





Anteriormente publicado no Brasil, este meu livro "Uma vara de medir o sol" chega agora aos meus leitores portugueses que, tenho a certeza, o vão apreciar.

Esta sessão de lançamento, juntamente com o belíssimo livro do Victor Oliveira Mateus "Aquilo que não tem nome", fica à espera que nos deem o prazer da vossa presença. Obrigada.
De pé, demoradamente invocando
o grito do destino, somos a sombra
de uma vara, presa à inclinação do sol,
que define a vertigem que nos derruba
e que nos ergue.

De Uma vara de medir o sol, p.35

22.10.18

Em seara alheia


des.construção


*
perturbante o caminho de mensagens
que um dia tiveram destinatários

*
delas nada resta
a não ser o Ser-ainda-mar
quando a paisagem se impõe remissiva e
o bom senso exige
adeus aos heroísmos

*
somos tão só
mensageiros do devir

Gabriela Rocha Martins
In: CONTINUUM: antologia poética. Pinturas de Luís Liberato, fotografias de Soledade Centeno. Braga: Poética, 2018, p. 73

15.10.18

Em cima dos rochedos

             
Heinrich Vogeler


Em cima dos rochedos aprendi a observar
as migrações dos pássaros, a descobrir
pelas estrelas a direcção dos navios
e a entender os gritos das mulheres
caminhando loucas pela praia
quando pressentem a traição do mar.
As nuvens concentram-se no horizonte
como lágrimas em relevo
engrossadas pelo relento.
Dói-me nas mãos uma crueza 
semelhante a uma emboscada.
Graça Pires
De Espaço livre com barcos, 2014, p. 17

8.10.18

Convite - Antologia CONTINUUM no Porto


Os autores desta antologia: Francisco Valverde Arsénio, Lídia Borges, Isabel Cabral, João Carlos Esteves, Gabriela Rocha Martins, João Morgado, José Luís Outono, Rita Pais, Graça Pires agradecem a vossa presença. Tenho a certeza que vão gostar participar, se puderem, neste encontro de cores e palavras com o céu do Porto.

1.10.18

Jeanne com blusa branca

Amedeo Modigliani


Abri de par em par as portadas das janelas
para deixar passar a luz deste alvorar ao sul.

Trago no sangue o suco da fruta
a provocar a língua, de outras águas
recordada e o sabor acetinado das romãs.

Trago na pele o veludo dos pêssegos
arredondados na mão antes da boca
e a previsão rigorosa das manhãs claras.

Em volta dos meus ombros sobrevoam
abelhas invisíveis atraídas pela brancura
da blusa, ou pelo lago azul do meu olhar,
onde flutua o pólen da tristeza.

Graça Pires
De Fui quase todas as mulheres de Modigliani, p. 40