Dorothea Lange
quase imperceptível no meio do inverno.
Tinha deambulado pelas cidades,
anónimo,
com um saco a tiracolo
cheio de raízes e de limos,
de milho moído, de figos secos.
Sabia agora como eram neutros,
em sua vida, todos os silêncios de protesto.
Queria falar até se tornar
impronunciável o que dizia.
Mas as palavras eram navalhas de barro
que lhe asfixiavam a voz.
Graça Pires
De A solidão é como o vento, 2020, p. 14