Isadora, o meu nome aqui recordo,
no desprendimento de mim.
Dobo o fio da inocência
para preservar
a infância,
tão cativa já de minhas fugas
quando, diante das ondas,
num desvario louco,
me despia
e bailava rente ao gozo,
na mais leve vertigem de estar só.
Perto do mar reservei o lance irrepetível
da evasão onde me desencontrei de mim
e me aguardei e me persegui,
amotinada, sempre, nos atalhos dos dias.
Graça Pires
De Jogo sensual no chão do peito, 2020, p. 18