Nijinsky
Aceito
que o olhar teça e desteça
o
contraste dos dias num bailado
de
gestos que se desdobram
e
prolongam para além da pele.
Quero-me no centro do espaço
onde tudo começa e acaba,
onde me uno e desagrego,
onde me deixo habitar
por uma quietude imensa.
Desvinculo-me de todos os enredos
para que a osmose das trevas e da luz
alcance o resgate do corpo
que se retalha roçando o chão
e se dissipa em pleno voo.
Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015