16.5.16

Ato aos tornozelos o voo das aves

Katia Chausheva


Pela respiração do mundo
sei que a vida me cerca
com mãos inesgotáveis.
Possuo um deserto na garganta
e a essência dos cardos
em antigas sedes.
E corro o perigo de ser
a combustão das fontes,
ou a vertigem de um brado,
ou o som indeciso da mudez,
quando ato aos tornozelos
o voo das aves para que as pernas
sejam colunas de santuário
onde os pés descalços não têm ruído,
nem rasto, nem forma.

Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015

47 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Fantástico poema! Amei de verdade!

Beijinhos e uma excelente semana.

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

José Manuel Vilhena disse...

Belíssimo poema a pousar que nem uma pena ou um voo na imagem....
bj

Cadinho RoCo disse...

Aos pés descalços a nudez dos passos.
Cadinho RoCo

Nequéren Reis disse...

Os seus poema é encantador, tenha uma semana abençoada.
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

Sara com Cafe disse...

voar. voar. voar.

abraço profundo.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, como sempre acontece partilhou um poema cativante.
Boa semana,
AG

Teté M. Jorge disse...

Envolvente poema e que imagem tão cativante!!!
Um beijo

Marta Vinhais disse...

Um porto de abrigo... Num voo silencioso...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Anete disse...

Um poema muitíssimo profundo...
Foto e versos que nos despertam o raciocínio e a voos altos...

Uma boa semana, Graça!
Abç

Daniel Costa disse...

Graça Pires
Beleza de poema, o que já uma marca da tua apreciável poesia. No entanto este poema tem dois versos marcantes para mim. Quando menciona cardos, e pés descalços. Cardos, pela sopa de cardos, que de outros tempos de miséria, quem a comeu, diz ser óptima. Os pés descalços é verdade que são anti ruído.
Abraço

Suzete Brainer disse...

O título, a imagem e o poema,
todos expressam a beleza da libertação
suave, silenciosa e sedutora do Ser!...

Beijo.

Maria Eu disse...

Belíssimo!

Beijos, Graça :)

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Li e reli este seu extraordinário poema que foi (e é) um desafio para mim na tentativa de interpretar as magníficas imagens de que está recheado.
A leveza do ser quando se atravessam desertos na busca da nossa essência parece-me transparecer ao ler este belo excerto:”quando ato aos tornozelos o voo das aves para que as pernas sejam colunas de santuário onde os pés descalços não têm ruído, nem rasto, nem forma”.
Um momento de elevada poesia!
Beijinhos minha amiga e Enorme Poeta!
Ailime

Graça Alves disse...

Mais uma vez uma maravilha este seu canto!
beijinho

Toninho disse...

Lindo Graça, apesar deste deserto que vive na garganta.
Uma linda semana para voce amiga.
Estou no processo de aquisição do livro.
Abraços com carinho.
Bjs de paz e luz amiga.

Lucinalva disse...

Olá Graça
Lindo poema, desejo um belo dia. Bjs

solfirmino disse...

Oi, Graça, queria fazer um comentário na sua postagem 'O perfil das árvores desafiando o sol', mas está dando erro no meu navegador. Então estou tentando fazer nessa postagem recente.
Adoro escrever sobre árvores e tenho um poema premiado duas vezes que fiz em homenagem a Manoel de Barros.
Ei-lo: http://solfirmino.blogspot.com.br/2006/02/sabedoria-vegetal-para-manoel-de.html

Mar Arável disse...

Memória viva

minha amiga
Bj

Maria Rodrigues disse...

Sublime poema.
Beijinhos
Maria

DE-PROPOSITO disse...

Estive por aqui.
E, mentia se dissesse o contrário, não consigo entender a mensagem do poema.
Ainda o voltarei a reler, e poderá ser que haja 'iluminação' da minha parte.

Beijinho
MANUEL

ManuelFL disse...

Vida cercada, deserto na garganta, som indeciso da mudez.
A poeta no seu labirinto, onde os pés não têm ruído, nem rasto nem forma.

Adorei a fotografia, magnífica ilustração para este poema.

Beijo, Graça.

Manuel Veiga disse...

"corro o perigo de ser
a combustão das fontes,
ou a vertigem de um brado,
ou o som indeciso da mudez..."

... a mim me basta!
belo todo o poema.

beijo, Graça

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá Graça.
Mais um de seus belos poemas.
A leitura de seus poema é um prazer que se renova.
Abraços.

Poções de Arte disse...

Uma vontade de ser livre e voar como as aves, mas atada à forma humana, a indecisão nos atos está presente quase que diariamente.
Pra mim, foi esse sentimento que passou, adorei o poema.
Abraços e feliz dia.

Amizade / Amistad disse...

Amiga Graça,

Como é deliciosa a leitura dos teus poemas. Quanta sensibilidade neles revelas. A imagem que complementa o poema é também muito bela.

Viemos até aqui propositadamente para te convidar para mais um “Os Desafios do Farol”, que se inicia hoje, dia 18, no nosso Farol.

Seria um prazer para nós poder contar com a tua presença e participação nesta iniciativa que, tal como as anteriores, promete ser animada e ao mesmo tempo contribuir para que nos aproximemos e fortaleçamos os nossos laços de Amizade.

Beijinhos e abraços dos amigos do Farol

Aline Goulart disse...

Belo poema! Até o deserto ganha um tom lindo e poético nas mãos de uma poetisa. Tenha uma ótima quinta. Beijinhos.

Unknown disse...

Olá, Graça.
"um deserto na garganta" - o mundo, a vida têm a capacidade de nos secar.
bj amg

Majo disse...

~~~
Uma paz profunda e sagrada,

talvez nos ponha a salvo das mãos que nos cercam...

~~~ Belo, muito belo!

~~~ Abraço, Graça.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

toda a sensibilidade da autora num poema cheio de sentimento e quiçá um grito ensurdecer perante as curvas que a vida nos traz (ou impõe) e nossas asas ficam presas até aos tornozelos.
a imagem da katia chausheva para suporte ao poema foi muito bem escolhida.
beijinho amigo
:)

Laura Ferreira disse...

Lindo!

Silenciosamente ouvindo... disse...

Um poema que trazuz um estado de alma
sobre a vida.
Gostei, amiga,
Desejo que se encontre bem
Bjs.
Irene Alves

Ana Tapadas disse...

A tua inconfundível voz poética!
Perene de sensibilidade.

Beijo

Manuel Luis disse...

Com pezinhos de lã para um beijo.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Feliz fim de semana,
AG

Arroz Di Leite disse...

Lindo poema e a imagem mais ainda.
Lindo final de semana.
Bjs

Tânia Camargo

teresa p. disse...

"Pela respiração do mundo
sei que a vida me cerca..."
Poema sublime que me deixa sem palavras, mas encontra eco no mais profundo de mim.
A foto é magnifica.
Beijo

São disse...

Belisssimo o poema e a imagem...

Beijinhossss

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi, querida poetisa, Graça Pires !
A tua leveza de alma de mulher, é que te faz
sentir assim, pronta para voar...
Lindo poema, amiga ! Parabéns e um
afetuoso abraço, aqui do Brasil.
Sinval.

AC disse...

A vida, eterno mistério, mas que exige, para quem ousa olhá-la nos olhos, a humildade das coisas simples...
Mais um grande poema, Graça!

Um beijinho :)

Lídia Borges disse...


Comecei a ler e dei comigo a dizer uns versos de cor...

É assim!... Coisas há que não passam.

Um beijo meu.

Lídia

Unknown disse...

Como é lindo e metaforico o seu poema.
Uma dor, contudo, liberdade.
As pernas como sustentação provam que precisamos de equilíbrio, ao mesmo tempo, sermos livre e andarmos por onde quisermos.
Parabéns.
Excelente semana.
Beijos na alma.

manuela baptista disse...

o risco de um ser alado

um abraço, Graça


Agostinho disse...

Tão belo, Graça,
não me atrevo a tactear-lhe o alinho.
Vou simplesmente lê-lo,
até que meus olhos chorem.
Guardá-lo-ei então,
no coração,
por sabê-lo de cor.

Bj

Anónimo disse...

Maravilhoso, Graça. Que prazer ler os seus versos... apetece sabê-los de cor, sim.
Um abraço do Sul.
Dolores Manso

LuísM Castanheira disse...


Tanto...e tanta beleza, no seu poema, minha amiga.

Como disse o poeta: "Intensamente...", e assim o sinto.

Tão curto... e tão cheio (onde o deserto é um rio).

Um beijo.

Ana Freire disse...

Embora por vezes, o mundo nos pese... devemos tentar caminhar nele leves... sabendo que somos o melhor que conseguimos ser... apesar de quaisquer circunstâncias!...
Maravilhoso poema!
Tinha ideia de já ter comentado este post... mas deve ter sido lapso meu... pois já vi que o anterior também me escapou...
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana

Odete Ferreira disse...

De tão intenso sentir, como forca na garganta, a deixar cair o corpo assassinado, escreves-te libertação através desta poética tão singular!
Parabéns!
Bjo, Graça