daquelas mães que adivinham a morte
pelo cheiro da fome
em bocas que lhe sugam a secura do peito.
A respiração tão vulnerável tão frágil
a tocar o chão de um país com crianças
que têm uma enorme velhice no lugar dos olhos.
Seleccionar o ângulo de um rosto, sem lhe macular a luz, como se, a meia voz, pudéssemos reter os múltiplos reflexos do júbilo e das mágoas.
Para a
Virgínia do Carmo
Identificas o sabor dos dias
delineado em ocultos anseios.
Tomas para ti o jogo da clareza
quando o brilho a prumo força as palavras
a procurar a íntima realidade dos sonhos.
Trazes contigo o regozijo da voz
para confirmar as palavras dos poetas
nas páginas do tempo.
E sorris. Recolhidamente.
Com o límpido fôlego da juventude
agarrado à origem de uma paixão antiga.
Graça Pires
De O improviso de viver, 2023, p. 33
A convite da Amiga Rosélia aqui deixo a minha participação:
Andrea-Kowch