Olho-te e o outono acontece.
Sonhos que não realizámos...
iluminam o teu olhar.
Sonhos quietos, ideais, paisagens
de um ser pós-Moderno à deriva.
Fragmentação e ilusão que velejam
num mar interno e pesado...
A peste, as guerras, quiçá, a fome
espreitam nas noites em que vagueias.
Os predadores afoitam-se nas esquinas
e as urbes esfriam o bafo do verão.
Olho-te e outono acontece
no teu passo mais lento,
no teu olhar mais terno.
Sonharemos juntos, este inverno!
Ana Tapadas
In: Sul Sereno. Lisboa: Europa Editora, 2024, p. 18