2.5.20

De cabeça baixa

Monia Merlo


De cabeça baixa, carregada de nevoeiro
como árvores no rigor do frio, ela ouvia
os sinos ao longe e recordava
aquela dor antiga, a mesma que sentira
na hora desalentada da morte da mãe.
Desde então as violetas brancas
emurchecem sempre que as amanha
com as mãos trementes e geladas.

Graça Pires
De A solidão é como o vento, 2020, p. 34

60 comentários:

chica disse...

Há toques que nos fazem viajar e recordar coisas lá de longe,saudades surgem... LINDO! beijos, ótimo fds! chica

AC disse...

Palavras que encaminham para cenários onde a alma convive os limites... Haverá beleza na brisa fria? Ou apenas sobrevivência?
É sempre bom lê-la Graça. Grato.

Deixo-lhe um sorriso :)

" R y k @ r d o " disse...

Simplesmente deslumbraste
.
Um Sábado feliz
Cuide-se

Mar Arável disse...

De cabeça baixa
levantada do chão

Bjs sempre

Majo Dutra disse...

Uma dor imensa e infinita!
Agradeço a leitura do seu poema tão intenso e expressivo.
Para amanhã, desejo-lhe um dia muito especial.
Também um bom Maio.
Beijinhos, Poeta.
~~~~,

carlos perrotti disse...

Esses versos têm tanta sensibilidade e coragem quanto os do artista que pintou a maravilha que ilustra seu inesquecível poema, amiga.


Um abraço grande e agradecido que sirva como proteção, Graça. Cuide-se bem, por favor.

Ana Tapadas disse...

Tão expressivo e intenso...nesse lugar de uma ausência, diria R. Barthes, e eu concordo!

Um beijo e muito sucesso com a nova obra.

Emília Pinto disse...

Esta desgraça que se abateu sobre o mundo, colocou-nos de " cabeça baixa", perante tanta dor, perante a nossa impotência , até para um simples abraço de consolo; nem isso nos é permitido, querida Amiga. Há poucos dias celebramos o 25 de Abril, dia que nos trouxe a liberdade, mas, agora, um ser minúsculo nos enclausura em casa, não conseguindo, no entanto, tirar a liberdade ao nosso pensamento, às nossas palavras, às nossas acções que, nestes tempos devem ser de solidariedade; são muitos os que nem pensam na liberdade que lhes deu o 25 de Abril; a fome bateu-lhes à porta e é " de " cabeça baixa " que esperam que uma mão amiga lhes dê um pão, uma mão que não os pode tocar, que não os pode acariciar, mas que pode, com o seu gesto, colocar um sorriso no seu rosto. Amanhã, dia de todas as mães, temos de pensar nessas que sofrem com fome, com a violência dentro de casa, com os filhos tristes agarradinhos às suas saias. A ti, Graça, quero deixar-te um grande abraço e os desejos de que amanhã consigas ter um dia da Mãe feliz, de preferência, com os teus queridos junto a ti. No segundo domingo de Maio, festeja-se este dia, no Brasil; não terei a minha Mami à espera do meu telefonema, mas estará, de certeza, muito presente e viva no meu coração Uma estrela brilhará mais forte, no céu. Espero também que estejam todos bem aí em casa. Por aqui continua tudo normal, apesar da nostalgia que me tem trazido a falta da minha MÃE. É natural! Passará! Um beijinho
Emilia

JUAN FUENTES disse...

Las soledades lugares de encuentro en los que los abatimientos nos pueden anular

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Uma dor gigante e sem tamanho.
Um poema expressivo cheio de memória e saudade.
Um dia bom amanhã (mesmo que os tempos estejam estranhos e dolorosos.)
beijinhos minha amiga Graça
:)

neyborba disse...

Como sempre a mulher, em todos os tempos é sempre a heroína não reconhecida, do mundo. Desde sempre!
Um bom fim-de-semana pra vocês.

Roselia Bezerra disse...

Bom dia das mães, querida amiga Graça!
O soar do sino sempre dá uma sensação mista, ora feliz ora tristonha.
Mesmo de cabeça baixa, dia de paz seja vivido neste Domingo, amiga
Bjm carinhoso e fraterno

bea disse...

No mundo da névoa há bancos de solidão que não se preenchem.

Marta Vinhais disse...

A dor... a saudade e os lugares da memória...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

ManuelFL disse...

Aquela dor antiga, a hora desalentada que nunca nos abandona.

Beijo.

ManuelFL disse...

Um dia da Mãe com muito amor, Graça.

Beijo

Cidália Ferreira disse...

Este poema tocou-me cá no fundo. :(
Quase que me sentia nele!

-
Carrego no colo a saudade

Beijo e um excelente dia para todas as Mães.🌹🌹🌹
Fique em casa.

ruma disse...

 
As flores florescem. E vai se espalhar.
Os seres humanos podem ser os mesmos.
Uma misteriosa reencarnação.

O elogio é dedicado ao seu desempenho.
tome cuidado.
Saudações, do Japão, ruma❃
 
 

Mariazita disse...

Que maravilha!
Duma beleza que gela...

Feliz Dia da Mãe.

Votos de um bom Domingo.
Beijinhos

Editor IPC disse...

Querida poetisa Graça Pires, gosto muito de suas peculariedades em seus versos, e me encantam muito, e aprende muito com elas; Bravo, um beijo no coração!Sucesso!

Isaias prudencio

rabiscoliteratura.blogspot.com

Alice Alquimia disse...

Sempre versos lindamente compostos e expostos.

Duarte disse...

Essa capa indelével que nos amarra a esse ser que nos atou para sempre, à vida.
Senti esse frio que notei outrora e segue aí.
Belo poema e com que carga emocional.
Abraços de vida

LuísM Castanheira disse...


Graça, minha Amiga:

Ontem recebi este teu novo livro.
Ainda não o li todo. Vou aos poucos saboreando cada poema,
cada verso, cada palavra, para das minhas mãos abertas sobre
as páginas, abrir voos que muito me dizem.
Tinhas razão: logo o primeiro cola-se-me ‘a pele como se todas as palavras fossem um ‘eu’.
O Poema que hoje dali partilhas, creio que o escolheste por o dia
de amanhã (hoje) ser dia da Mãe. Das nossas Mães e Mães que são.
Para ti, em especial, a minha sentida homenagem. Parabéns, Mãe!
Gostei muito de ter sido esta página 21 [número mágico para mim] a primeira a ser publicada.
Por isso lembrei-me disto:

“o que dói
é não poder apagar a tua ausência
e repetir dia-após-dia os mesmos gestos

o que dói
é o teu nome que ficou como mendigo
descoberto em cada esquina dos meus versos

o que dói
é tudo e mais aquilo que desteço
ao tecer para ti novos regressos

daniel faria”

Tem um bom dia de Mãe e o desejo que “A solidão e’ como o vento”
chegue a muita gente.
Um beijo, Poeta Grande.

LuísM Castanheira disse...

errata:
corrijo <>

Lucinalva disse...

Bom dia, Graça
Bonito poema, bjs querida.

As Mulheres 4estacoes disse...

Há sons que nos acorda na memória várias lembranças...
Um abraço,
Sônia

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Um poema intenso e muito belo que fala de ausência, dor e saudade.
As palavras retraem-se e o silêncio instala-se
Um grande abraço e uma boa semana minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo que, apesar do confinamento, esteja a passar um Feliz Dia da Mãe.
Com o meu carinho e gratidão pelos seus incentivos.
Ailime

LuísM Castanheira disse...

Errata: onde se lê “página 21 [número mágico para mim] …”,
deverá ler-se ”página 34…”
sorry

Olinda Melo disse...


Lembranças tristes, recordações que nos fazem sentir
a falta da nossas Mães. Mas sempre presentes nas coisas
boas vividas.

Feliz Dia da Mãe, querida Amiga Graça.

Beijinhos

Olinda

teresa p. disse...

O dia de homenagem a todas as Mães também nos traz a saudade e a tristeza por aquelas que já partiram, como acontece no nosso caso.
O Poema é magnífico e a imagem perfeita para o mesmo.
Beijo.

Maria Rodrigues disse...

As saudades carregam de nevoeiro o nosso coração.
Nostálgico e lindo poema
Feliz Dia da Mãe
Beijinhos

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Boa tarde de domingo.
O poema se fez triste para contar a dor de quem escreveu.
Tenha uma semana abençoada. Bjs.

Daniel Costa disse...

Graça Pires e já a própria ilustração que nos remete para um poema lindo e cheio de significado. Beijos

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste poema apesar de toda a sua carga de tristeza.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Tais Luso de Carvalho disse...

Graça querida, chegamos numa etapa da vida que o Dia das Mães não é mais muito alegre, pois também fomos filhas, e para nós fica uma mescla de saudades, recordando nossa mãe e também sendo mãe... Causa um sentimento estranho. O Dia das Mães aqui é domingo que vem.
Belo poema, apesar de triste.
Um beijo, amiga, espero que você tenha passado um lindo Dia.

Pedro Luso de Carvalho disse...

É sempre uma alegria para mim, querida amiga Graça, vir a este espaço de poemas. Hoje somos brindados com o poema de tua lavra, Graça Pires, intitulado DE CABEÇA BAIXA. Peço licença para transcrever os primeiros versos do belo poema:

"De cabeça baixa, carregada de nevoeiro
como árvores no rigor do frio, ela ouvia
os sinos ao longe e recordava"


Uma boa semana, com os cuidados com a saúde (um louco vírus anda solto, Graça).

Um beijo.
Pedro

Agostinho disse...

Que doce ternura triste
a Poeta derramou na linha
verso a verso e
as violetas brancas
entre os dedos desemaranhadas
na cabeça desse Dia

Um beijo, querida Graça Pires.

Ana Freire disse...

Desalento, nostalgia e saudade... sentimentos também bem dentro deste sentir colectivo, que sobre o mundo se abateu...
Belíssima e emotiva forma, de assinalar o Dia da Mãe!
Como sempre um profundo sentir poético, em linhas de pura excelência!...
Adorei ler, Graça! Estimo que tenha passado tão significativo dia, da melhor forma possível, atendendo às contingências do momento!...
Um beijinho grande! Feliz semana!
Ana

teresa dias disse...

Querida amiga, que bem sabes tu misturar tristeza e beleza num poema.
Este, é lindo, lindo!
Beijo, saúde, protege-te.

José Carlos Sant Anna disse...

"carregada de nevoeiro/como árvores no rigor do frio, ela ouvia/os sinos ao longe..."
A poeta procura estabelecer definir o sujeito pela relação de espaço e tempo, e o com uma delicadeza e ternura que contagia o nosso olhar.
O pior está passando...
Belo poema, minha Graça!
Um beijo! Cuidando-se sempre!

silvioafonso disse...

Voltei pra te dar um beijo
antes da noite acabar.
Poeta, boa noite e parabéns
pela, sempre, bela poesia.

Ulisses de Carvalho disse...

É um poema em prosa ou uma prosa poética que eu poderia identificar como sendo tua até mesmo que eu não soubesse antes a autoria! De um livro novo, suponho. Que venham mais. Um beijo.

A Paixão da Isa disse...

mais poema lindo como so tu sabes escrever mas se tem um pouco de triste mas da que pensar bjs tudo de bom

Sinval Santos da Silveira disse...

Mestra querida, Graça Pires !
Fico a imaginar, e até sentindo, a amargura
que se passa nos sentimentos dessa pessoa...
São lembranças ressuscitadas das profundezas
da dor.
Lindo poema, Amiga. Parabéns !
Uma ótima semana e um carinhoso abraço, aqui
do Brasil !
Sinval.

Micaela Santos disse...

Estou sem palavras!
Lindo!

Beijinhos

solfirmino disse...

Querida amiga, eu tenho um poema com a expressão "dor antiga", e quando a usei, quis expressar uma dor que não passava por nada.


Seu poema é intenso e carrega muitas lembranças tristes. 


Aqui será dia das mães no próximo domingo, sei que aí foi domingo passado e nem te parabenizei, então o faço agora... este isolamento tira-me às vezes a noção de que dia estamos.


Estou com meu filho, graças a Deus, talvez faça algo especial no domingo.


Um beijo



Anete disse...

Versos tocantes e belos! A vida é feita de lembranças boas e outras dolorosas.
Dentro de cada um há um arquivo que precisa de cuidados especiais...
Meu carinho...

vieira calado disse...

Olá, como está?

Dá gosto ler a sua poesia!

Saudações poéticas!

Anónimo disse...

que coisa linda

beijos

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite querida amiga Graça
Um poema tocante, mostrando a dor da ausência e grande saudade. Abençoados dias amiga. Fica com Deus. Beijos.

Alécio Souza disse...

Olá Graça, tudo bem?
Um poema triste com lembranças de uma dor infinita!
Gostei bastante do poema!
Um abraço

Jaime Portela disse...

Os toques dos sinos a finados trazem sempre recordações de alguém que partiu.
Excelente poema, gostei imenso.
Graça, continuação de boa semana.
Beijo.

Teresa Durães disse...

Temos sempre a nossa maneira de viver o mundo. Ainda hoje conversava com uma amiga, eu sei que a minha é singular por isso não falo dela, mas nos gestos simples encontramos os que amamos. claro, de repente é maior do que nós e escrevemos, imploramos a nossa voz, por vezes tão surda.

A minha é surda, tão surda que o que escrevo entra naquele vazio que só as pedras reconhecem. Devia ficar feliz por isso, porém, não fico e isso assusta-me, que quero da vida? Expressar-me ou ser reconhecida? Ou divulgar o que escrevo?

São tantas as perguntas que ficam a ecoar nas oliveiras lá fora e nenhuma tem resposta, o que quero? Ser escritora de renome? Nem escrevo assim tão bem, mas queria dizer aos que vêm, não, não vão por aí, na realidade é tudo opostos, o que quero dizer ou o que espero? Será apenas vaidade, aquilo contra luto? Conheço as minhas limitações, nunca serei nobel ahahhaha, até a ideia é ridícula, nem escrevo para isso. Procuro árvores e sentido e apenas queria que outros ouvissem a importância do mesmo. No entanto é tudo uma loucura, o que valem as palavras num Mundo de economia? O que vale uma escritora anónima que fala em Deuses antigos que ninguém os conhece? Porque as minhas palavras podem falar em Deuses e mitologia, contudo só queria trazer magia ao mundo, mal feito ou não.

Os nossos entes? Tu tens os teus, eu tenho a minha cadela e um amigo, teremos de esperar a ocasião, eu sei, ninguém consegue compreender o que é esperar por reaver uma cadela porque estão habituados que só o ser humano é importante, não, são todas as árvores, aquelas que plantei e hei-de plantar quando vier a época. As árvores falam, as plantas falam e ninguém me ouve, ninguém me ouve porque não sou alguém, sou apenas a Teresa e tenho pena não por mim, por elas, cada fogo, cada lamento. Não, não são só os nossos, são todas as florestas e os bosques desaparecidos que já não existem.

Não sei se viste o meu absurdo vídeo, detesto câmaras, detesto falar, mas por ti o fiz. Quero que continues a lutar pela nossa/tua poesia, quero que continues a acreditar que vale a pena a nossa expressão, teria dito isso se soubesse falar, mas não passo de uma pessoa de informática que apenas fala com com computadores. Ou cães e gatos. Ou árvores e ervas daninhas que me fazem espirrrar

Teresa Durães disse...

Acima de tudo, Graça, quero que sintas sempre que vale a pena continuar

Cris Unterstell disse...

O melhor da poesia ao ver sempre foi o de Portugal.Obrigando por postar.

Teresa Almeida disse...

Sei que estive aqui e me comovi. Talvez por isso me tivessem faltado as palavras. Por vezes precisamos de nos distanciar um pouco, mas sabemos que voltaremos.

Um beijo, querida amiga Graça.

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Esos dolores que nos atacan en un costado, cuando viene un elemento externo, que se asocia a un dolor vivido. Tiene el viso de la nostalgia, y duele como la espina en el alma. Un abrazo. Carlos

Fá menor disse...

Comovente.
E quantas cabeças baixas!

Boa semana, amiga Graça.
Beijinhos.

Diná Fernandes disse...

Desalentada pela dor da saudade... Versos doridos e belos.

Boa tarde de Paz e alegria,Graça!
Bjs no coração.

Parapeito disse...

aqui está...Como pode a tristeza...ser tão bela!
Tão tocante, tão comovedor.
Abraço**