24.2.25

O aceno da sede

 

Katharina-Jung



Resgato o trémulo aceno da sede
com um deserto furtivo na boca.
Roço com deleite os lábios no chão.
Até enraizar a língua na água
de qualquer nascente.
Fenda de um grito
na melancolia dos lábios.
Pranto caudaloso no sangue das mães.


Graça Pires
De Improviso de viver, 2023, p. 23

5 comentários:

Jaime Portela disse...

Excelente poema.
Gostei imenso.
Boa semana amiga Graça.
Um beijo.

Toninho disse...

Muito lindo poetizar está sede, está inquietação diante do improvável sob o desespero dos quereres. Maravilha de construção aliada à imagem ilustrativa.
Feliz semana Graça.
Bjs de paz amiga.

Eduardo Medeiros disse...

Olá.

Tua poesia evoca muitas imagens fortes ilustrada por essa intrigante fotografia!

brancas nuvens negras disse...

A sede, em nós, deixa-nos os lábios gretados.
Boa semana.
Um abraço.

Marta Vinhais disse...

A tristeza que se instala em nós....
Belo...
Beijos e abraços
Marta