LITURGIA
que está adiante
e mesmo antes de todo o tempo,
o futuro faz silêncio absoluto.
Sei que chegará a época de cruz e castigo,
mas antes, escuta...
Esquece os pecados hereditários.
É chegada a hora.
Pronuncia palavras sublimes,
para que teu espírito se eleve.
Estende as mãos
àqueles que pedem por tais atos.
Promete que viva entre todos esta canção:
O chão de palha do presépio
anuncia as boas-novas.
Observo a manjedoura
e penso na bênção do milagre.
Então, atravessa-me o tempo.
Presente e futuro unem-se
como uma evocação.
Percebo que somos mais amor que temor.
E, tão inédita como música nunca ouvida,
tão antiga quanto uma prece,
tão certo como um relógio moderno,
eis que chega mais um Natal.
Solange Firmino
In: Numa rua
completamente às escuras movem-se estes versos. Lisboa: 2025, 174

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