7.5.07

Em seara alheia



Ela levantou o joelho direito por entre as tuas coxas
escreveu-te a boca com o húmido sal da manhã
como se fosse uma deusa inesperada e furiosa

e cercou-te com a noite da última parede do labirinto.
Tu tinhas a dor erguida e os olhos choravam.
Chovia por entre as rochas e explodia-te nos rins

a cegueira que a olhava: dura e trémula.
Se fosses morrer logo a seguir a neve
não cairia dessa forma sobre a praia e o mundo.

mas tu morrias agora, ó amante no escuro do dia então.


Manuel GusmãoIn Mapas o assombro a sombra. Lisboa : Caminho, 2005

1 comentário:

Anónimo disse...

convite : www.luso-poemas.net

de-nos a honra da sua presença
felicidades!!