Laura Makabresku
Ignoro se alguma nascente
mitigou a sede em minha voz arável
no barro quente da infância
onde todas as falas eram possíveis.
Há um espaço vazio
nos pormenores desse passado
rasgado na clareira da memória
onde uma luz impiedosa
emerge de si mesma sem aviso.
Agora por mero acaso o procuro.
Inutilmente.
Graça Pires
De O improviso de viver, 2023, p. 18

25 comentários:
Muito linda tua poesia e sempre há , em nossas lembranças,espaços vazios...
beijos, ótima semana, chuica
Olá, Graça.
Adorei seu poema sobre passado, infância e a busca por superar (inutilmente?) as clareiras da memória.
Boa tarde de Paz, querida amiga Graça!
Na infância, as falas são livres e permitidas sem constrangimentos...
A tal luz impiedosa vem de galope nos podando falas e ações, muitas vezes.
Um bom grito poético necessário.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Bonito poema, Amiga!
Beijinho, feliz semana :)
Há memórias vazias....talvez por que há dor....
Beijos e abraços
Marta
Boa tarde Graça,
Um poema muito belo, que me diz tanto!
Sim, há espaços vazios na infância, difíceis de superar!
Tudo tem seu tempo e há situações que dificilmente se recuperam.
Beijinhos, minha Amiga e Enorme Poeta.
Tenha uma semana muito abençoada, com paz e saúde.
Emília
O nosso passado oculta memórias que por vezes esquecemos. Todavia, elas emergem na nossa mente, mesmo sem as procurarmos.
Belo poema, amiga Graça.
Gostei bastante.
Beijinhos, e feliz semana com tudo de bom.
Mário Margaride
Boa tarde Amiga Graça
Este poema de abre-se como uma memória filtrada pela luz, às vezes suave, às vezes implacável.
A infância surge como terra fértil e quente, onde a voz procura uma nascente que talvez nunca tenha existido.
Há uma beleza contida neste vazio que persiste: um espaço onde o passado parece sempre ao alcance, mas jamais totalmente recuperado.
A busca final, “por mero acaso”, ecoa a rendição serena perante o que se perdeu e o que permanece apenas como clarão na lembrança.
Uma reflexão delicada sobre ausência, origem e a persistente vontade de compreender-se.
Como sempre um belíssimo momento de poesia.
Boa semana com muita saúde e paz.
:)
A cada verso Poeta captas lo esencial y en cada imagen que despliegas nos lo ofrendas... Un lujo leerte y llevarme en la memoria tus poemas!!
Abrazo admirada Graça amiga.
Graça,
que beleza dura e delicada a sua… Esse vazio que você nomeia entre a infância e a luz que chega sem pedir licença toca fundo em quem já tentou resgatar um passado que não se deixa colher. Há memórias que a gente procura como quem tateia uma nascente seca: sabendo que talvez não encontre, mas ainda assim buscando. Seu poema acende uma claridade própria, que iluminam até o que dói.
Beijinho
Fernanda
Siempre nos falta algo que quedó en el pasado sin discutirlo, tratarlo, hornearlos. Un abrazo. Carlos
A nossa infância foi escorrendo da nossa memória pingo a pingo.
Boa semana.
Um abraço.
Já tinha vindo algumas vezes mas silenciosamente. Este poema é bonito, evoca aquele tempo que lembramos e simultaneamente já esquecemos.
A memória é tão eficaz e resplendente quanto misteriosa. Como quase tudo que pertence aos seres temporais que somos. Mas também, para quê a memória, se o tempo não houvera?! O ser do eterno presente não tem memória, não precisa dela.
Há uma concentração de ternura nas memórias de infância se elas são boas ou simples lembrança. Embrulhamos em carinho cuidadoso esses que fomos, quase como se não sejamos nós mesmos, mas eles, uma terceira pessoa que agora protegemos com o que resta no pensamento. Mas a saudade não é do que fomos, mas de quem connosco habitou o tempo da infância. Porque a memória é pura palidez e esvaimento do imprescindível, insuficiência profunda.
Boa noite, Graça
Um abraço
Bello poema. Te mando un beso.
A nossa mmente é traiçoeira e nos prega peças. Abraços .
https://kantinhodasmensagens.blogspot.com
Querida Graça
Palavras belas que exprimem os espaços que não
conseguimos preencher, mas que existem no nosso
íntimo.
A sua escrita sempre me encanta, pela delicadeza
do seu pensamento.
Tenha uma boa semana.
Beijinhos
Olinda
Olá, amiga Graça, gostei muito de ler esse seu belíssimo poema,
um poema singular.
Meus votos de uma excelente semana, com muita luz.
Beijo, amiga.
A infância é luz e sombra, promessa e sonho, procura sem fim.
Como alguém disse «o passado é um país estrangeiro».
Fiquei comovido com o poema e adorei a fotografia que o acompanha.
Beijinhos
Sempre há sedes que dificilmente se mitigam quando tantas vezes temos no horizonte um deserto e toda a sua aridez.
Mas basta um pôr de sol atraindo o nosso olhar para vermos a nascente no imaginário da nossa urgência para sorrirmos com essa nesga de “luz” escondida no subconsciente.
Há sempre uma flor tardia , minha querida Graça .
Uma mensagem que arrasta tantas folhas de outono ….
Um forte abraço !
Boa terça-feira poeta Graça. Parabéns pelo seu belíssimo poema. Ainda tenho lembranças da minha infância, aos seis anos.
No barro ardente da idade
todas as inutilidades se desvanecem
aprendi isso
recentemente
onde um raio de luz
deixou de ser ardente
Beijo de fã
Belíssimo! Adorei. Bjs
Há sempre essa angústia ao longo da vida em dado momento! 👏😘
Minha amiga, quanto mais nos afastamos da infância, mais a queremos. Os nossos "espaços vazios" não são preenchidos tão facilmente. Como você diz, inutilmente.
Beijinho
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