2.1.07

Sei os caminhos da água

Manuel Fazenda Lourenço

Nos meus olhos, povoados de aves nocturnas,
recapitulo a nomenclatura dos ventos.
Sou nómada. Sei os caminhos da água,
por minha boca, nada sóbria, em plena sede.
Sem qualquer pretexto transcrevo,
linha a linha, o perfil emotivo desta cidade,
onde piso todos os caminhos procurando o rio
e o corpo me estremece à proximidade da água.
E, como se escavasse no coração
a promessa de uma pátria planto,
entre as unhas, heras de palavras,
que constroem a morfologia dos nomes que amei.

Graça Pires
De Reino da lua, 2002

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