17.6.12

A cor convicta do poente



Quando a aurora começa a dissipar
as trevas  na palidez da terra
avançamos com a argúcia da palavra
sobre a imperfeição de cada instante.
Seguramos a lança das memórias.
Seus véus de renda deciframos.
Por sua farpa ateada as aceitamos.
A luxúria de seus gritos consentimos.
Para que nos seja assombro
a cor convicta do poente.

Graça Pires
De A incidência da luz, 2011