3.6.12

Enquanto abrigas nas mãos

István kerekes



Toco-te. Percorro-te.
Os dedos subitamente peregrinos
tangendo a matriz sensual da tua pele.
A pérgula das buganvílias de carmim
encobrindo a sombra mínima dos meus olhos
quando, a meia voz,
me falas do chamamento do corpo.
A navalha das palavras brilhando-te nos dentes
enquanto abrigas nas mãos a limpidez acesa
de teu rio nascente para ecoar
em minha fonte, em minha boca.

Graça Pires
De A Incidência da luz, 2011