24.8.20

Caminham por dentro do próprio desalento

Gregory Crewdson

Caminham por dentro do próprio desalento
com a memória exausta de pretéritos desejos. 
Já não sabem quem são. 
Dia após dia enfrentam a rejeição 
com o áspero calamento do olhar. 
Há golpes migrantes sulcando sua pele. 

Graça Pires 
De A solidão é como o vento, 2020, p.24

55 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Gosto do poema.
Bom Dia.

fatimawines disse...

Olá, Graça!
A solidão é como o vento e a alegria como a luz.
Desejos no pretérito esquecido, já quase não são desejos.
Um poema grande vestido de poucas palavras.
O vento levou-as para muito longe,...
bj.

Rogério G.V. Pereira disse...

Sempre que um poema
me toca dentro
eu me lembro de outro
que também me tocou

Eu sei quem sou
mas
"E depois do adeus"
não sei
se saberei

Marta Vinhais disse...

Há dias em que o Mundo se torna pesado e se mergulha num rio profundo de dor...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

chica disse...

Palavras que bem retratam a solidão...Lindas! A tela igualmente bela! Ótima semana! beijos, chica

Olinda Melo disse...


Querida Graça

Este seu Poema mostra bem
o que é a infelicidade de percorrer caminhos
sem saídas, enfrentando rejeições de toda a ordem.

Palavras que nos despertam para os abismos
que envolvem muitos de nós.

Beijinhos
Olinda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste excelente poema.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

" R y k @ r d o " disse...

Fascínio poético.
.
Feliz início de semana

José Carlos Sant Anna disse...

Tradução mais que perfeita para o desalento do homem (neste conturbado mundo, digo-o eu). A imagem alteia este canto em voo poderoso da linguagem. Belíssimo poema, minha amiga!
Cuidem-se todos!
Um beijo

A.S. disse...

"com a memória exausta de pretéritos desejos"
regressamos ao corpo faminto de sol
para que este não viva na gélida sombra
que nos golpeia a pele e cala o olhar...

Uma boa semana com muita saúde minha Amiga.
Beijos.
A.S.

Cidália Ferreira disse...

Fabuloso poema. Gostei muito :))

*
Caminhar seguro...
-
Beijo e uma excelente semana!

LuísM Castanheira disse...

Por dentro deste teu belo poema
não consigo imaginar estes caminhos
penso, da imigração (?).

"Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar[…] - Sophia;

e as crianças que hoje são,
amanhã o que dirão?
- Que houve um tempo que
não foi o seu e deste mundo só
tiveram ódio e incompreensão!

e todos nós que de algum lugar viemos…

Um grande momento poético, este teu.

Um beijo, minha amiga Graça.
Boa semana de saúde e paz.

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Vidas sofridas, caladas, como casas vazias e abandonadas, caminham sentindo na pele a mutilação que as fere cruelmente.
Muito belo este poema sobre uma realidade que dói.
Desejo-lhe uma boa semana, minha Amiga e enorme Poeta.
Beijinhos com votos de boa saúde.
Ailime

solfirmino disse...

Ah, amiga, assim como o haicai, não precisa de muitos versos para dizer o suficiente. Nestes poucos versos você traduziu uma realidade dura que muitas pessoas enfrentam. O sofrimento machuca e há pessoas que não aguentam mesmo. Lembrei daquela pessoa que se enforcou... A foto parece que foi feita para o poema. Belíssimo.
Ótima semana.
Beijinho

Teresa Durães disse...

deuses, que violência nas palavras, que desespero! Espero que esteja tudo bem, adorei o poema, cruel, térreo e na realidade uma verdade que não deve ser escondida. (não, o livro não é novo, tem 10 anos, mas corrigi e pus on-line gratuito, retirei à editora os direitos de autores, não faziam nada, nem disponíveis tinham, enfim, enganada)

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Bien los define tu poema, en su consternación, a estas gentes de la comunidades desplazadas. Un abrazo. carlos

Diná Fernandes disse...

Olá querida Graça, mais um poemeto que expressa um triste momento a percorrer os caminhos de uma alma desalentada,tal realidade é notória na vida de muitos. Aplausos totais.

Abraço querida.]

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma solidão que deixa marcas!!!
👏👏👏👏👏

bea disse...

e vêm por aí novas e várias solidões trazidas pela pandemia e sobretudo pela indiferença dos homens entre si ou a clivagem entre o eu e os outros.
Estes poemas curtos doem até ao fundo. Mas são lindos.

Flor disse...

Gosto muito de poemas curtos. São densos, saboreiam-se como se de um café curto se tratasse.

Beijos e carinhos ❤️

Andrea Giovanna disse...

que poesia linda e profunda. e a imagem selecionada reflete exatamente a solidão sentida, obrigada, bjosss

alberto bertow marabello disse...

Si sente la fatica e si sente la solitudine di un viaggio troppo lungo.
Molto bella, complimentissimi
Buona settimana, con molta salute.
Um beijo

São disse...

E tanto desalento há por aí.....


Minha amiga, beijinho, excelente semana :)

carlos perrotti disse...

Quem não se sentiu trancado fora em sua própria desolação. Versos que provocam identificação. A pintura de Gregory Crewdson fecha o círculo.

Grande abraço, Poeta. Cuide-se bem, por favor.



N A S S A H disse...

Poesia muito profunda

Minhas Pinturas disse...

Querida amiga Graça que tudo esteja bem com você, na saúde, no amor.

Poema que vai fundo no coração e na alma. Lindo!
As amarguras que a vida oferece, que nunca se almeja ou sonha, mas acontece e marca e maltrata.
Mas, até no sofrimento existe uma beleza, que só os poetas mostram com carinho e perfeição.

abraço bem apertadinho para afogar as saudades.
Léah

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, querida Graça, que belo poema, amiga!!!
Na verdade, isso é a solidão misturada a dores executivas de quem parte à procura de algo.
Dolorido poema, mas dentro de uma total realidade.
Beijo, minha amiga, uma boa semana.
Cuide-se bastante.

JUAN FUENTES disse...

La cultura es una de tus grandes metas

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Graça!
Parecem, sendo assim, que bem sequer caminham em seu desalento.
Profundo poema de reflexão.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Toninho disse...

Minha querida amiga, que profunda a solidão neste desalento.
Sua capacidade de extirpar sentimentos é fantástica na poesia.
Uma ilustração que faz pensar, se o entrar é cabível, já que moram lá
as emoções passadas.
Gostei muito.
Beijo de paz amiga e feliz semana alegre.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Parabéns por nova obra
E pelo belo poema
Aqui postado de extrema
Robustez que dá e sobra
Mensagens como manobra
Da verve, engenho e da arte
Que a tua alma reparte
Com nossas almas carentes
Por poesia! Excelentes
São o teus versos, destarte!

Parabéns, Graça Pires por mais um livro! Abraço cordial! Laerte.

manuela baptista disse...

Por cada migrante em desalento

somos nós próprios a desalentar

beijinhos, Graça!

Ana Freire disse...

Um poema notável... que associando a leveza da forma, à profundidade do sentir, tão bem abordou a tema da migração...
Adorei, Graça! Um beijinho! Votos de uma excelente semana, com tranquilidade e saúde!
Ana

Margarida Pires disse...

Boa noite de serenidade, querida Graça!
Fico sempre hipnotizada com as suas palavras!
Repletas de realismo e sensibilidade!
A ilustração é deliciosamente retrospectiva!
Um abraço de luz!✨💐😘
Megy Maia🌈

Anete disse...

Solidão e conflito num bonito poema!
Boa noite, Graça...
Meu carinho

ManuelFL disse...

Não me é possível separar o poema da ilustração que o ilumina. Ou será o contrário?
O desalento, a rejeição, sulcam a pele dos migrantes. O poema é uma dor partilhada, uma compaixão que nos questiona.
Bem hajas, Graça, por nos dares a beleza e o desafio.
Beijos.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Um poema que denota mesmo o desalento latente dos imigrante.
A dor expressa em poucas palavras, porque está tudo ali no poema.
Achei a imagem muito bem para suporte do poema.
Deixo um beijo
Se cuide amiga Graça!
:)

Teresa Almeida disse...

O espírito prisioneiro molda-se às mãos da opressão. Esta solidão, magistralmente poetisada, quer abrir-se à claridade.

Um beijo, minha amiga Graça.

Mar Arável disse...

Tudo se move
Bj

Isa Sá disse...

Para refletir.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Fá menor disse...

Tristes realidades.

Tenho medo dos medos que assombram esses caminhos.

Beijinhos e boa semana!




Milentry disse...

Great post :)

AC disse...

Afigura-se, cada vez mais, a figura dos enjeitados, configurando um mundo de excluídos. Hoje são eles, logo a seguir seremos nós.
Tão lúcida, Graça! Grato.

Um abraço

Sinval Santos da Silveira disse...

Mestra, Graça Pires !
Que beleza de texto !
Quem não aprisionou esses"migrantes",
a nos assombrar ?
Causam-nos pesdelos, ferem a nossa
alma e alteram os desenhos dos nossos
corpos...
Uma feliz semana e um carinhoso abraço,
aqui do Brasil, nobre Amiga !
Sinval.

Jaime Portela disse...

A rejeição dos migrantes não é mais do que racismo.
E as vítimas do racismo "caminham por dentro do próprio desalento".
Excelente poema, gostei muito.
A foto foi muito bem escolhida.
Bom fim de semana, querida amiga Graça.
Beijo.

Vanessa Casais disse...

É assim mesmo a solidão. Seja no próprio corpo, na alma, no país ou no mundo. O eco, o vazio, o despojo de tudo.

Gostei muito Graça, faz reflectir, pois no caso dos migrantes poderia ser bem diferente.

Beijinhos,
Vanessa Casais
https://primeirolimao.blogspot.com/

Agostinho disse...

Acumulando na pele a imcompreensão, a arrogância,...
tantos golpes cruéis,
os migrantes o desalento... num vácuo mais-que-perfeito, aqui num poema tão cheio de sentido em tão poucas palavras.
Um beijo, Graça Pires. E saúde.

Ana Tapadas disse...

Fantástico poema!

Que bom poder ler-te de novo!


Beijo

CÉU disse...

Olá, querida Graça!

Um poema curto, mas que nos diz tanto! Essa é uma das muitas qualidades da sua poesia.

A imagem arrepiou-me, mas condiz, infelizmente, com as suas palavras. Provavelmente, nos países de origem dos migrantes, a imagem seja pior, mais fria e isenta de tudo, talvez, creio eu.

Os desejos de há tanto tempo, ficam adiados e nunca mais se concretizam, pensam todos, mas no meio deste desalento ainda há quem os acolha, embora em lugares pouco satisfatórios, mas se vieram para Portugal ou para outros países europeus, sujeitos a morrerem no mar, é porque no país deles a situação é pior que cá, concluo.

Conheço bem El Jadida, a nossa Mazagão, e sei dos anseios daqueles jovens homens. Em Tanger Med vemos eles olhando o mar, encostados aos altíssimos muros com arame farpado, gritando: Madame, je veux aller au Portugal pour toujours. Evidente que muitos querem alcançar Espanha, França, etc. mas eu compreendo o contexto das afirmações deles.

Esperemos que, pouco a pouco, possam realizar alguns dos seus sonhos.

Beijos, um abraço sincero e bom fim de semana.

PS: voltarei a postar dia 31, não no meu blogue, mas no da Gracita. Obrigada, desde já!

Mirtes Stolze. disse...

Bom dia Graça
Um belo poema. Um abençoado mês de Setembro para vocês. Beijos.

Manuel Veiga disse...

poema em que a linguagem é levada a tal tensão
que o leitor fica submerso, como se fora tragado pela força
das suas imagens poética.

absolutamente "poderoso". e belo.

beijo, querida Poeta

teresa dias disse...

Magnífico poema, querida amiga!
Só tu consegues dizer tanto com palavras poucas.
Beijo, saúde.

baili disse...

though lap of earth is divided by scratches created by human's ignorance i believe each has right to migrate where he thinks he finds peace dear grace

i think what we human need to "feel like being human" which we have lost in the desert of selfishness long ago
a very sensitive poetry so beautiful said
hugs!

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Los sin patria, que ha perdido la memoria de su origen, ante tanto desande y migración. Un abrazo. Carlos

Fê blue bird disse...

um poema que me tocou profundamente.

Um beijinho comovido