24.10.22

Quando a chuva se anuncia



Quando a chuva se anuncia intransigente, 
já não há andorinhas esvoaçando pelas casas 
nem se distinguem as dunas 
onde me deitei no mês das uvas. 
Na raiz de cada árvore começa a germinar 
a sede inicial agasalhada pela terra, 
em respiração lenta. 
As janelas fechadas provocam uma singular estreiteza, 
uma impressão vacilante nas mãos instáveis 
dos meninos e dos homens. 
Só as mulheres possuem a conivência das águas. 

Graça Pires 
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 35

51 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste belo poema.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Marta Vinhais disse...

Mas, apesar da chuva, continuamos a sonhar... a escrever sonhos e desejos.....
De Paz...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

chica disse...

Tão linda e leve,tanto quanto o cair das gotas da boa chuva!
Linda semana! beijos, chica

brancas nuvens negras disse...

A chuva é triste, resta aguardar os dias solarengos, que virão.
Um abraço.

- R y k @ r d o - disse...

Foto e poema fascinantes de ver e ler
.
Saudações cordiais.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Maria João Brito de Sousa disse...

A mulher que sou escreve invariavelmente de corpo e alma, por isso nem sempre me é fácil falar da beleza da chuva e do frio, porque contra a fragilidade do meu corpo falo. Não fora a razão, colada a este tanto de mim que é árvore, vir sussurrar-me ao ouvido que há coisas que são essenciais embora me firam, eu egoisticamente ignoraria "a sede inicial agasalhada pela terra" que germina "na raiz de cada árvore".

Um beijo, Graça.

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
«Na raiz de cada árvore começa a germinar a sede inicial agasalhada pela terra, em respiração lenta.»
Apesar da estreiteza dos dias a chuva vem saciar essa sede e a natureza resplandece.
Muito belo o seu poema, minha Amiga e Enorme Poeta.
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime

ManuelFL disse...

Só as mulheres possuem a conivência das águas.
A conspiração contra o verão, que as intransigentes águas da chuva anunciam, revela-se ser uma metamorfose, uma anunciação da vida, uma sede inicial agasalhada pela terra, em respiração lenta.
Um prodígio das palavras da poeta que assim nos leva ao encontro do amor.

Beijos

Mário Margaride disse...

Boa tarde, amiga Graça,
Belo poema aqui nos presenteia. Onde a sensibilidade e o sentir do poeta, estão bem patentes nestas belas palavras.
Gostei muito.
Muito Obrigado, pela visita e gentil comentário no meu cantinho.
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Beijinhos!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Vaya si me gusta eso de que sólo las mujeres tienen la connivencia de las aguas. Un poema capaz de atrapar por humectancia. Llueve/ que ella viene/ bajo su sombrilla de color/ y sus labios húmedos para el beso.
Un abrazo. Carlos

carlos perrotti disse...

Suena tan bien en portugués como en español, lo que prueba la inspirada musiCALIDAD que en la Poeta Graça, para nuestro placer, es ya afortunadamente habitual...

Abrazo grande. Lo mejor para usted y su poesía, amiga!!

Cidália Ferreira disse...

Que maravilha de poesia!!
-
Quero sentir o tremor do teu coração...
.
Beijo, e uma excelente semana!

São disse...

Muito bonito!!

Beijinho, Amiga, boa semana

JUAN FUENTES disse...

Tu que tanto amas a la cultura,llegaras a ser un poco mas sabia

lanochedemedianoche disse...

Maravillosa poesía querida poeta.
Abrazo

J.P. Alexander disse...

Profundo poema te mando un beso.

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Graça!
"Só as mulheres possuem a conivência das águas. "
Adorei a exaltação à flexibilidade da mulher.
Poesia regada pelo perfume poético todo seu.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos com carinho fraterno

Os olhares da Gracinha! disse...

"As janelas fechadas provocam uma singular estreiteza"... e a nossa alma vira poesia!!!👏💙😘

Emília Pinto disse...

Não sei se a minha cor preferida é o amarelo, mas, sim, a minha flor de eleição é o girassol. Como nós, também ela procura a luz e baixa a cabeça quando não a encontra. A chuva tem vindo para alegria de todos nós, mas, infelizmente, para desespero e miséria de tanta gente que foi derrotada por ela; sem piedade arrastou-os como se nada valessem e se a muitos lhes poupou a vida levou na enxurrada o pouco que tinham e também algum sonho que porventura ainda tivessem Não cai a chuva de igual maneira para todos, não brilha o sol da mesma forma, não são caiados de branco todos os lares, e o pior, não são respeitados todos os seres viventes pelos governantes, pelos senhores do mundo, pelos que têm tudo e são incapazes de distribuir um pouco pelos que nada têm. A chuva tem pintado os nossos dias de escuro, mas bem poderiamos pintá-los de amarelo, de azul celeste, de branco, cor da paz, mas onde está essa tinta, Amiga Graça? Não sei....só encontro aquela escura...a cinzenta...
Belos poemas, querida Graça! Li-os todos, aqueles que não tinha ainda visto. Espero que, apesar de tudo, o teu coração esteja iluminado, pintado de branco e que a saúde esteja presente em todos vós. Beijinhos
Emilia

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Dias de chuva...
eu aprecio quando posso ficar
assim como sua poesia descreve.
Dias de chuva me trazem calma e
inspiração.
Linda e inspirada
publicação.
Bjins de boa nova semana.
CatiahoAlc./Reflexod'Alma

bea disse...

"Só as mulheres possuem a conivência das águas". Sublinho. Ainda que todo o poema seja de sublinhar. Verdade do tempo engrinaldada pelo espírito poético da Graça, fica logo outra coisa.

Luiz Gomes disse...

Boa tarde minha querida amiga Graça. Sentindo a chuva do seu maravilhoso texto. Obrigado pela visita e carinho.

Caderrno de San disse...

Em respiração lenta, absorvo o conhecimento que se conjuga na construção do sentido deste poema. Gos do teu habitar na "conivência das águas" em tão pulsante poema!
Um boa semana, minha amiga!
Beijo,

Elvira Carvalho disse...

Um excelente poema, que adorei reler.
Abraço e saúde

partilha de silêncios disse...

Mais um lindo poema. Adorei.
Uma boa semana com muita saúde
bjs

Lucinalva disse...

Olá Graça
Lindo poema, um forte abraço.

solfirmino disse...

"Na raiz de cada árvore começa a germinar
a sede inicial agasalhada pela terra,
em respiração lenta."
Amiga, gosto muito dos poemas que falam da relação entre o homem e a natureza. E o feminino sempre é sagrado nesse meio, claro.
Um beijinho

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

boa tarde

quando a chuva se anuncia, é bom sinal para a terra que bem precisa dela.
um poema belo que nos fala de estaçoes, natureza e emoção.
gostei muito de ler.
boa semana com muia paz.
beijinhos
:)

Olinda Melo disse...


Apraz-me ver nesta passagem de "Antígona..." um hino à fertilidade.
A Mãe-Natureza que se agrada da chuva e guarda-a nos seus
interstícios para os frutos que hão-de vir, e a Mulher que na sua
gestação cria o seu rebento em meio de água e o dá ao mundo no seu
primeiro grito. Essa conivência das águas segui-la-à enquanto o
mundo for mundo.
Continuação de boa semana, querida Graça.
Beijinhos
Olinda

Maria Rodrigues disse...

A chuva pode trazer nostálgia, mas ela é tão necessária e preciosa.
Um poema sublime.
Beijinhos

Fá menor disse...

Que lindo!
Só as mulheres e essa sua cumplicidade!

Beijinhos!

tb disse...

Minha querida,
Tão lindos os dias de chuva assim descritos pela leveza mágica da tua poesia.
Beijo.

teresa p. disse...

"Só as mulheres possuem a conveniência das águas" em grande cumplicidade com a natureza...
As chuvas vêm alagar as terras ávidas de água. É mais um ciclo da vida que se inicia. "Na raiz de cada árvore começa a germinar a sede inicial agasalhada pela terra, em respiração lenta." Poema comovente e profundo ilustrado por uma fotografia linda que tem tudo a ver com o texto.
Beijo

Jaime Portela disse...

A vida sem chuva torna-se difícil.
Grande poema.
Continuação de boa semana, amiga Graça.
Um beijo.

alizune disse...

Interesting information, thanks for making these contributions.
Great information Glad to find your article.!This blog is really very informative.
Thanks for sharing it with us

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Mário Margaride disse...

Olá, amiga Graça
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Beijinhos!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Tais Luso de Carvalho disse...

Eu gosto de chuva moderada,
aquela que é necessária e não complica
a vida de ninguém, que dá o necessário.
Até acho linda uma chuvinha na vidraça!
Mas que venha o sol logo após...
Tudo na medida certinha, algo impossível,
né querida amiga?
O poema é lindo, a marca da amiga Graça,
a grife!!!
Beijinho, querida Graça.

lena disse...

um poema que amei ler, há muito que não passava por aqui, entrei e embelezei o meu coração com cada verso seu, um cair de chuva que deixa marcas na vidraça e que me fez recordar momentos meus, ficar assim sentada perto da janela e ver a chuva cair como se cantasse para mim. amei querida poetisa Graça, foi bom entrar "sentar-me" e ler tão belo poema, obrigada pela partilha, deixo o meu abracinho

Agostinho disse...

No curso do ciclo das estações a intransigência dos elementos dita bençãos e maldições...
A Poeta acaricia as palavras exactas na palma da mão, para dar sinais do tempo em movimento - a chuva, as andorinhas, as dunas, as (mês) uvas...
Para quê? Por quê?
Para clarificar o mistério/maravilha da gestação da vida vai à raiz das árvores
- ao magnífico feminino - o único que compreende os sinais das águas placentares.
O livro está pleno de sabedoria poética mas a Poeta no seu cuidado "maternal" vem, semanalmente, trazer a colher à boca. Carinhosamente.
Obrigado, Graça Pires. Um beijo.

Manuel Veiga disse...

belo
~como apenas tu, sade "dobrar" o sentido das palavras
e assim constrois teu grandioso "universo poético"

beijo, minha querida POeta,

alberto bertow marabello disse...

Molto carina, anche se con google traduttore si perde parecchio. Ma si sente la quieta forza dell'acqua.
Che solo le donne comprendono in pirno.
Buona settimana, amica poetisa.
Stai bene.
Um beijo

Laura. M disse...

Bien descrita esa lluvia. Nos gusta verla caer y nos calma.
Buen semana Graça.
Un abrazo.

Regina Graça disse...

Sou estranha, sim, adoro chuva. Assim como me fascinam todas as gotas deste poema!

Beijinhos

Debby disse...

E como.. esse tipo de imagem mexe comigo... me afoga dentro de mim, numa quietude. Que demora a coragem e a vontade de voltar à minha superfície.
Lindo texto
Bjs ....

Duarte disse...

Gosto de ver chover de detrás da vidraça, mas também sentir que cai sobre mim.
Gosto imenso deste canto à chuva.
Abraço de vida e uma boa semana

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
Wonderful words.
It's a nice time of the year with good temperatures and we most enjoy of all wonderful nature with his autumn colors.
Nice post.

Greetings and a big kiss,
Marco

Isa Sá disse...

Não gosto nada de chuva, mas ela faz falta!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Ana Freire disse...

Uma deliciosa descrição deste tempo melancólico... mas tão necessário... sobretudo após um Verão tão prolongado, que até chegou antes do seu tempo! Se não estou em erro, a primeira onda de calor, surgiu ainda em Maio...
Que chova lá fora... mas não necessariamente, dentro de nós...
Adorei esta poética descrição, da chegada da chuva... e de como é sentida... por todos... mas de diferentes formas... revelando toda a sua sensibilidade, Graça!
Um beijinho! Bom final de domingo e votos de uma feliz semana!
Ana

Parapeito disse...

Eu gosto deste tempo.
Da melancolia, da cor e do cheiro.
Gosto da chuva no rosto.
Gostei muito deste poema.
A foto está linda.
Abraço e brisas doces **