29.6.25

Se eu fosse uma gaivota


Ana Pires Livramento




Reinicio a infância
no esboço do poema
e circunscrevo o litoral
fragmentado do que sou.

Quem foi que descodificou 
o céu no meu olhar 
e me deixou na alma
um deus imaginado?

Quando o espaço do sonho é circular 
como o tempo das cerejas, 
ou da migração dos pássaros 
que fendem o infinito,
inadiado é o rito da poesia.

Se eu fosse uma gaivota,
dançaria na proa dos veleiros
até à hipnose
de abraçar a maresia.


Graça Pires
De Poemas, 1990, p. 51

                              
Faz hoje 35 anos que editei o meu primeiro livro "Poemas". Este poema é desse livro.


2 comentários:

chica disse...

Muito lindo teu poema e a foto também maravilhosa!
Parabéns pelos 35 anos de poesia !
beijos, linda nova semana,chica

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Lindos versos.
Vivemos mesmo como seus
versos descrevem, as vezes
vamos seguindo em várias
formas, mas
sempre
colecionando lembranças boas
e seguindo adiante com
a alegria de quando
criança éramos.
Ótima nova semana
pra nós.
Bjins
CatiahôAlc.