29.10.06

Esta noite irei de vaga em vaga



Na interior travessia do sentimento
sou o remador.
Deixaram de se ouvir
os sinais de tempestade.
Depois das últimas dunas,
a lentidão das ondas
denuncia um esboço de jangadas
a sulcar a página de cima a baixo.
Esta noite irei, de vaga em vaga,
libertar os peixes prisioneiros
nas sílabas de um sonho privado de barcos.
Peregrinação ou exorcismo
no labirinto dos versos?


Graça Pires
De Labirintos, 1997

Sem comentários: