20.3.07

Poetas nos chamamos


Repartimos as palavras boca a boca,
como se fossem cerejas cor de vinho.
As letras têm asas, têm ritos,
têm lençóis de linho, têm mágoas.
Urdem idiomas e caminhos.
Organizam protestos.
Tecem raivas.
Traduzem tanta esperança,
mas tão pouca.
Repartimos as palavras boca a boca,
com metáforas de fogo e de lonjura.
Extravasamos o verso e o reverso da ternura,
com expressões que a gramática não diz.
Ser feliz é a nossa porta aberta da procura,
nos lugares interditos,
na boca rebelde dos vadios.
Bordamos os enredos com os fios
que o luar nos prendeu em cada mão
de forma louca.
Somos a luta e a canção.
Repartimos as palavras boca a boca.


Graça Pires

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia, cara POETISA!

Após ter lido os seus poemas e ter ficado fascinada, venho solicitar que possa utilizar este poema, devidamente identicicado, numa das minhas aulas com alunos do 12º ano.
Temos estado a tratar o universo da Poesia e achei que seria um bom texto para ponto de partida.
Obrigada pela atenção.
Espero, ansiosa, a sua resposta.

Graça Pires disse...

Cara anonymous:
Obrigada por gostar da minha poesia e por mo dizer.
Claro que autorizo a usar este ou outros poemas com os seus alunos. Agradeço a divulgação e espero que eles gostem do poema.
Um beijo.