2.1.17

A intimidade de uma súplica

Laura Makabresku

Às vezes a grafia é escassa
no desadorno do poema.
Ponho no rebordo dos dentes
uma ferocidade
que estremece qualquer culpa.
Uma farpa que deixa na pele
o rasgão da cólera delineado
em monólogos emudecidos.
E abro, à liturgia da música,
a incisão do peito
para forjar no coração a nocturnidade
melódica de chopin, derramando
das teclas a intimidade de uma súplica.

Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015

64 comentários:

Maria Eu disse...

Essa raiva nos dentes que traz todos os sentimentos à mistura...
(bonito)

Beijos, Graça :)

Laura Ferreira disse...

às vezes estes poemas arrepiam-me :)
beijo Graça

Marta Vinhais disse...

Há dias em que temos que lutar, não contra o Mundo, mas contra nós....
Raiva, tristeza, desilusão... tudo se mistura numa dor profunda...
Lindo....
Um Bom Ano 2017
Beijos e abraços
Marta

Cidália Ferreira disse...

Adorei Parabéns

Excelente ano de 2017
Beijinhos

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá Graça.
É sempre muito agradável visitar o teu blog. Hoje, o segundo dia do ano, fazes um mimo para os teus amigos leitores, com este maravilhoso poema, de tua autoria, que tem este belo título: “A intimidade de uma súplica”. Mas essa tua postagem vai mais longe, com a escolha dessa bela imagem de mulher (Laura Makabresku). E no que diz respeito ao teu poema, Graça, se quisesse falar sobre ele o correto seria republicá-lo neste comentário, mas me contente apenas com esses versos, que transcrevo:

“Ponho no rebordo dos dentes
uma ferocidade
que estremece qualquer culpa.”

Parabém minha amiga poeta, pela beleza e profundidade de teus poemas.
Os meus votos para ti, em 2017, sois, em síntese: amor, paz, saúde, poemas,
amigos.
Beijos. Pedro.

deep disse...

Da raiva também nascem poemas. :)

Um ano muito bom, Graça. Beijinhos

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, lindo poema para começar o ano, feliz 2017.
AG

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a raiva que ficará diluída numa melodia...o saber lidar com certas situações.

um bom ano de 2017

abraço com beijo dentro

:)

Mar Arável disse...

Contra todos os silêncios
as palavras podem ajudar
a rasgar caminhos

Bjs minha amiga

Arroz Di Leite disse...

Boa tarde Graça,

para começar um belo poema.
Bjs

Tânia Camargo

Luis Eme disse...

Às vezes as palavras são escassas para expressarmos o que sentimos (nunca as tuas..)...

abraço Graça

São disse...

Começar o ano a ler a tua excelente poesia é magnífico, GRaça!

Para ti e quem amas , o meu voto de muito bom 2017, num grande abraço

Fá menor disse...

"Às vezes a grafia é escassa no desadorno do poema." Ai tantas vezes, ai tantas!

Bom 2017, repleto de poesia!

Beijos

Lídia Borges disse...



São de uma claridade excelsa as tuas palavras, mesmo quando gritam.

Um Ano pleno de POESIA.

Beijinho

Lídia

Simone Felic disse...

Olá
As vezes às palavras faltam para determinar um desejo ou um olhar.Bjs e bom e abençoado ano novo.

MARIA DA FONTE disse...

Gosto de passar por aqui e deleitar-me com excelentes poemas.

Nequéren Reis disse...

Sempre arrasando com suas belas linhas amei,
tenha uma semana abençoada, obrigado pela visita.
2017 com sucesso em todas as áreas.
Blog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Magnífico poema!
Há momentos em que as palavras por escassas, mas intensas e belas, precisam que a música as liberte “de qualquer culpa” e as transforme num maravilhoso poema como este.
Minha amiga e enorme Poeta, um beijinho.
Ailime

Manuel Veiga disse...

ficamos sempre aquém, Graça.
por muito que os dentes ranjam e a incisão do peito sangre!

... e, no entanto, de "uma luminosa claridade" tua Poesia, que tanto admiro.
o poema é de antologia. amei reler aqui.

beijo, minha Amiga.

Teresa Almeida disse...


Basta-me Chopin para que a súplica seja a intimidade do poema.

Arrasas-me! Beijo.

Agostinho disse...

A Graça inicia o ano com o registo anatomico dum sentimento profundo.
Tantas vezes apenas esboço, esgar entre sorriso e lagrimas, palavras sem som atascadas num lamaçal de temor.

Bom Ano, cara poeta.

Unknown disse...

Querida Graça,

Há instantes de fuga sem sairmos do lugar. As suas palavras aqueceram cumes de sensações, o que já provou fazê-lo de forma sublime. Não se pode ficar indiferente à nocturnidade de um momento que se banha em música... música líquida, para mim.
Gostei muito e vou levar.

Grande beijinho.

Lília

Tais Luso de Carvalho disse...

Que força tem esse poema, Graça!
Deu para imaginar o turbilhão de emoções...
Belo poema para começar 2017!
Beijo, querida amiga.

Majo Dutra disse...

De facto, os noturnos de Chopin são um bálsamo para todas
as tristezas: angústias, desesperos e revoltas...
Muito belo é este poema em que nos revelas Chopin tocando
a intimidade de uma súplica!
Belíssima a tua luminosidade deslumbrante...
Um beijo, querida Poeta amiga.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Lucinalva disse...

Olá Graça
Belo poema, bjs querida.

manuela barroso disse...


Graça!
Que tão belo poema!
Um abalo que nos faz estremecer de impotência pela impotência das palavras.
São pequenas e poucas demais para abarcarem o que faz rasgar o peito!
Obrigada!
beijinho! :)

Suzete Brainer disse...

Este teu poema é magnífico, vai na raiz da dor e
transcende no caminho das palavras, numa expressividade
poética excelente e belíssima!...

A melodia de Chopin é um bálsamo nas teclas
da alma.
Parabéns pelo poema, amiga Graça.

Que este ano seja um caminho de rosas com a
melodia de Chopin nas teclas da alma da poeta!
Beijo.

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite querida Graça.
Um poema belo e cheio de sentimentos. As vezes os sentimentos são tantos que nós fazem fraquejar diante deles. Amei a imagem. Um lindo 2017. Enorme abraço.

Erika Oliveira disse...

" fiquei em silêncio e falei com você de diversas maneiras silenciosas" esta frase ouvi e acho que combina muito com este poema!

anamar disse...

Beijo grande e bom Ano .
Saude, e muita inspiração, essa parece nunca faltar.

Pouco tempo para passar na blogosfera...
e, hoje, que a noite está do meu lado, não criando incómodos, deixa-me visitar os amigos.~~

Ana

LuísM Castanheira disse...

Graça:
Nos seus poemas não há grafias escassas nem poemas desguarnecidos.
Todas as palavras têm o peso intensional e o lugar preciso.
É única a escrita que a Poeta constroi, rendilhando cada frase, cada texto.
E eu gosto muito.
Sobre o poema: fica aberto (também) o meu peito.
Um beijo, Amiga e que todos os seus dias sejam uma alegre poesia.


Teresa Durães disse...

A poesia pode ser escassa, escassas são as palavras quando a dor é forte. Quando se cerram os dentes

solfirmino disse...

Salve, Graça! Primeira visita de 2017 e já encontro algo que dialoga com o que estou escrevendo... O que me deixa muda é a face de tudo o que pulsa, que me permite viver e tecer minhas próprias correntes.
Feliz 2017 para nós.
Beijo

Mariazita disse...

Com a melodia de Chopin (que adoro!) as palavras tomam uma nova dimensão, terminando num belíssimo poema.

Desejo que tenhas um excelente 2017, pleno de felicidade.

Votos de uma semana muito feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Nequéren Reis disse...

Maravilhoso amo a sua sencibilidade, obrigado pela visita.
Blog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

Maria Rodrigues disse...

E o ano começa com um poema sublime!
Bom Ano.
Beijinhos
Maria

Ana Freire disse...

Um poema profundo e eloquente...
Maravilhoso trabalho, Graça! Para ler e reler...
Deixando um beijinho e os meus votos de um muito feliz e inspirador 2017!
Ana

Graça Sampaio disse...

Sublime a escolha de cada palavra que tão bem exprime o pensamento, o sentimento, a visão interior... Quase se ouve o ranger dos dentes.

Muito bom!

Bom Ano e bons poemas, Graça!

baili disse...

Mesmerizing and effective photo and words!
you created a magic with your outstanding description and captivating photo .it just touched my soul!
best wishes for you and family for new year dear.

ManuelFL disse...


Encontro dois andamentos neste belíssimo poema. No primeiro a tónica é desadorno, ferocidade, farpa, rasgão, cólera; no segundo, é liturgia, coração, súplica. O primeiro é um prelúdio (contraponto?) ao segundo, uma construção poética intermediada pela íntima musicalidade dos Nocturnos, de Chopin.

Adorei a ilustração.

Beijo, Graça.

Giancarlo disse...

Un felice 2017 per te.

Anete disse...

Um poema sensível e a conclusão maravilhosa: " ...A intimidade de uma súplica."
Boa 5a feira, Graça... O meu abraço...

Jaime Portela disse...

E, pelos vistos, a "indecisão do peito" é a mãe de excelentes poemas como este.
Gostei imenso, parabéns por mais este exemplo poético talentoso.
Bom resto de semana, querida amiga Graça.
Beijo.

DE-PROPOSITO disse...

Estive por aqui.
E desejo que 2017 esteja a ser um ano muito feliz.
Abraço
MANUEL

teresa p. disse...

"a intimidade de uma súplica" Sublime!
A imagem é, também, uma maravilha.
Beijo.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Adorei. Adorei.
É bom voltar aqui em 2017
e beber a sua maravilhosa poesia.
Bjs.
Irene Alves

manuela baptista disse...

dois andamentos,
Stockhausen e a dor de um rasgão

e o íntimo, nocturno, Chopin


um abraço, Graça

Ana Tapadas disse...

Muito forte e belo!
Gosto de te ler, pois falas à minha alma.
Beijo

Poções de Arte disse...

Acredito que as lutas mais violentas são contra nós mesmos.
Abençoado 2017!
Abração esmagador.

mz disse...

Os poemas não necessitam de adornos quando as palavras saem assim de si.
Belas.

Um Bom 2017 para si Graça e muita inspiração.
Bjs

cantinhovirtualdarita disse...

Passando para deixar um abraço pelo ano
novo, dizer que estou voltando tbém as minhas
postagens,agradecer pela sua amizade pq aqui
vejo tudo de bom.....Felicidades é o que tenho
pra te dar...
Abraços com carinho!

└──●► *Rita!!

Blog da Gigi disse...

Feliz Ano Novo! Beijos

Nal Pontes disse...

Forte poema q sai com força de dentro da alma. Que 2017 seja um bom ano para vc. Bjs

AC disse...

Procuramo-nos, procurando, quase sempre (é essencial) dentro de nós.
Tem uma forma de dizer as coisas que me toca sempre profundamente, Graça. Grato.

Abraço

Simone Felic disse...

Olá
O adorno no poema expressa perfeitamente
a dor.
Bjs e bom domingo.


http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

Daniel Costa disse...

Graça Pires
São as metáforas aqui, e sempre que, se vislumbram nos teus poemas, a exigir poder interpretativa, o que motivante para realce.
Abraço

Sinval Santos da Silveira disse...

Ah, querida Amiga, Graça Pires, boa noite !
Que intimidade, que súplica, que beleza de
criação poética !
Interpretar os teus sentimentos, postados
nestes belos versos, seria auto condenar-me
à heresia literária.
Basta-me enviar um "parabéns" e um "fraterno
abraço", aqui do meu Brasil.
Sinval.

Dolores Manso disse...

Adoro 'passear-me' pelo seu blog - visito-o com frequência e delicio-me sempre. Hoje, não sei por que fragilidades, tocou-me particularmente esta súplica. Com o mar no horizonte, estou certa de que me virão interrogações ao longo do dia. Felizmente!, porque também é essa uma 'função' do texto poético! Muito obrigada, Graça, e um excelente Ano Novo.
Dolores Manso

vida entre margens disse...

Já tinha saudades da sua poesia tão peculiar Graça....
Gostei particularmente da força que este poema imprime.
Beijinho...

Graça Alves disse...

Tão singelo e tão grande, Graça!
Bjnhos

José Carlos Sant Anna disse...

A palavra pede passagem com tal singeleza neste poema que não há ferocidade que a apague a sua beleza. Poema para ler e guardar.
Beijo, gentil amiga!

Jaime A. disse...

Em relação a este magnífico texto apenas me apraz dizer: sempre que escrevo são estas as palavras que que definem o que escrevo!
Parabéns!

Odete Ferreira disse...

Um poema em que o sujeito poético foi exímio na revelação do sentir que envolve uma súplica. Há um percurso neste processo, há um antes e um depois do clímax; uma súplica é um ato dramático, sempre. Além da (tua) arte poética, este poema atrai pelo sofrimento que, em si mesmo, acarreta.
Parafraseando-te: às vezes os poemas são como as dores do parto.
Bjo, amiga Graça e um ótimo 2017.
(Ultimamente, para aproveitar o tempo, venho aos blogues pelo TM; por vezes arrisco a comentar e corre bem, isto é, não me foge o comentário por um toque involuntário em algo ou por falha momentânea da rede. Hoje de manhã "fugiu", valeu-me tê-lo, primeiro escrito num rascunho. É sempre mais seguro pelo pc.)

Unknown disse...

Lindo poema, amiga Graça. A súplica muda em favor de uma presença, expondo a fragilidade humana alimentada pela dor, pela falta, pelo excesso de sentires... Beijo e ótima semana para você.