17.1.22

A extensão impossível das palavras



No pausado enredo onde absorvo a estranheza 
de uma meninice reinventada, 
irrompem branquíssimos lírios. 
Um tempo inicial inaugura o fulgente esplendor 
da lembrança em aromas de pretérita pureza. 
E vejo-me. Na extensão impossível das palavras. 
Na desmedida e espontânea alegria. 
Na doçura dos dias sem cuidados. 
Na tremenda adolescência dos desejos proibidos. 
E escuto-me para lá de mim, na fragilidade da voz. 

Hoje acordei e voltei a adormecer no teu colo, mãe. 
A manhã inclinada nos teus olhos purificou-me a respiração. 
Tenho o meu rosto tão perto do teu que, da tua ausência, 
apenas sei que é uma estrela a pulsar no firmamento 
e um fio de luz que procuro em momentos sombrios. 

Graça Pires 
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 19

57 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Excelente e belo poema de que gostei bastante.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Linda poesia e palavras que levam e mostram a saudade do colo da mãe...

Linda semana! bjs, chica

Elvira Carvalho disse...

Há coisas curiosas. Acabei de transcrever este poema para "A mulher e a poesia" para a próxima postagem dia 23. Bom tenho que escolher outro. Afinal eles são todos tão belos.
Abraço, saúde e boa semana

Roselia Bezerra disse...

A meninice ingênua, os lírios brancos, a doçura das bonitas lembranças...
Segredos que só quem tem uma mãe pode extravasar.
Um mote terno nos momentos sombrios que a querida amiga Graça vai nos revelando em poesia.
Tenha dias novos especiais, com saúde e paz, junto aos seus amados!
Beijinhos carinhosos de gratidão e estima
😘🕊️💙

" R y k @ r d o " disse...

Poema lindíssimo como são todos os escritos pela ilustre poetiza Graça Pires. Tão lindo como as flores em geral e em particular os lírios que são uma flor simplesmente sublimes de encanto.
.
Uma semana feliz … Saudações poéticas
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos

Marta Vinhais disse...

Cheiros, cor... tudo o que desperta memórias felizes em que nada era sombrio...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Rogério G.V. Pereira disse...

Ao ler-te
sinto-me menino
E escuto-me para lá de mim, na firmeza da voz.
E vejo-me para lá de mim, na beleza desses lírios.

Beijo

brancas nuvens negras disse...

Mais um poema de qualidade literária que se destaca neste vasto mundo da poesia que navega nos blogues.
Um abraço.

Mário Margaride disse...

Belo poema amiga Graça!
Onde descreve na perfeição, a beleza, e a ternura da infância, onde os lírios embelezam, um excelente momento poético.

Gostei muito!

Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Beijinhos!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

teresadias disse...

Olá, querida amiga!
Passei para te deixar um beijo e desejar boa semana e acabei emocionada com os versos e palavras finais desta publicação.
Esta noite irei olhar o céu dentro do abraço doce das duas estrelinhas que lá tenho em cima.
Beijo, boa semana, protege-te bem, sempre.
Obrigada... não por me fazeres chorar.

Cidália Ferreira disse...

Poema Muito bonito. Porém, a ultima parte achei tocante!
-
Desenho a marca do teu corpo ausente

Beijos, e votos de uma excelente semana!

A Paixão da Isa disse...

Lindo poema com muito sentimento sente se ao ler adorei bjs saude

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Belo, mas tão belo este poema extraído do seu Admirável Poema que é Antígona passou por aqui.
Emocionei-me ao lê-lo. O final é de uma extrema doçura e amor pela mãe.
A mãe que, como uma estrela, brilha no firmamento e cuida da sua menina, 'nos momentos mais sombrios'. Comevedor.
Um grande beijinho minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo-lhe uma boa semana com muita saúde.
Ailime

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Versos quintaesenciados, para la memoria y nostalgia de la madre. Un abrazo. Carlos

bea disse...

Tão lindo, revisitar assim a infância, Graça. E nela, sua mãe. O doce cheiro das mães se um filho lhes habita o colo, o calor suave da pele, a respiração ligeiramente ofegante de sustentá-lo nos braços. Nesses momentos, a criança inteira é prazer aconchegado; não pensa que tem peso ou que a mãe pode cansar-se a carregá-la: está no lugar de pertença natural.

partilha de silêncios disse...

Bela homenagem ao colo das mães.
Ao longo da vida há uma espécie de evolução do colo, porém ele continua a ser necessário.
Em tempos difíceis é por meio desse afeto, que a pessoa sente a sua dor aliviada, nem que seja recorrendo às bonitas lembranças do colo da nossa infância.

beijinhos e uma semana feliz

carlos perrotti disse...

A ternura e a nostalgia se misturam para dar origem a um poema cativante... Esse fio de luz será o sol que sempre a guiará... Cuide-se ainda muito, Poeta. E obrigado sempre por essa inspiradora poesía.

Abrazo grande, amiga.

Franziska disse...

Bellísimas rimas de la nostalgia encendida por la ausencia de la madre. La ausencia se hace reencuentro en el corazón que la añora. Precioso.

Gracias por sus delicadas palabras. Las agradezco con el corazón. Un abrazo.

Fá menor disse...

Belíssimo, amiga Graça!
Tão bom a pureza da infância!

Beijinhos e boa semana!

JUAN FUENTES disse...

Las nostalgias son mis compañeras.

Os olhares da Gracinha! disse...

Bom reviver a infância deste jeitinho poético a merecer um aplauso!!! Bj

J.P. Alexander disse...

Que lindo poema y hermoso homenaje. Te mando un beso

Toninho disse...

Lindo demais Graça.
A ternura enraizada, as imagens tatuadas, o colo que aconchega.
Delicada forma de dizer que não há amor maior.
Uma semana de leveza com gentilezas.
Beijo amiga.

Isa Sá disse...

A passar por cá para conhecer mais um bonito poema.


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria Rodrigues disse...

Aqueles que amamos permanecem eternamente nas nossas memórias e no nosso coração.
Palavras sentidas, saudosas e plenas de amor eterno pela sua mãe.
Beijinhos

ManuelFL disse...

Como comentar tanta beleza e sensibilidade?

Resta-me citar a autora com dois versos que me tocaram particularmente:

escuto-me para lá de mim, na fragilidade da voz.

Hoje acordei e voltei a adormecer no teu colo, mãe.

Bem hajas, Graça, pela partilha.

Beijos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...



Um poema onde a autora expõe toda a ternura e saudade da sua mãe.
Sensibilidade e beleza neste trabalho poético de alta qualidade.
Gostei bastante, amiga Graça.
Desejo-lhe uma semana cheia de saúde e harmonia.
Beijinhos
:)

alberto bertow marabello disse...

Non c'è niente come ritornar bambini sulle ginocchia di una madre

alberto bertow marabello disse...

Ciao amica Poetessa, abbi cura ti te.
Un abbraccio

Luiz Gomes disse...

Boa tarde minha querida amiga Graça. Texto cheio de emoção e maravilhoso. Uma excelente terça-feira com muita paz e saúde.

Tais Luso de Carvalho disse...

Amiga Graça, que lindo, que saudades de minha mãe, saudades que machuca, a tenho numa foto defronte meu computador, portanto lendo teu poema, e olhando, e os olhos e o coração...
Nessas alturas é que me pergunto o sentido de tudo. E continuarei a não entender.
Um beijo, minha querida.

lis disse...

Oi Graça
Me emocionei como nunca aconteceu, por aqui .
Olhos marejados e o choro não contido_ o 'amanhecer no colo da mãe' me tocou
muito porque não tive esse colo , nem ela nem eu sentimos o bater dos nossos corações.
Muito triste e muito bonito seu poema.
deixo abraços, colocar mais palavras seria perder o tom sublime que destes
ao poema.
Obrigada ,amiga

pensandoemfamilia disse...

Lindo e emocionanante seu poema de emoções, saudades significativas em nossas vidas. Mãe é eterna em nosso ser. Bom dia

Agostinho disse...

Na revisitação da inocência há claridades
purificadoras
da luz da candeia inicial

Como é bom regressar
a esse estado. Aqui.
Beijo, Amiga Graça.

Natália Fera disse...

Graça que emoção ao ler o seu poema.
Tenho tantas saudades da minha mãe mas sei que também é uma estrelinha que está no firmamento sempre a olhar por mim.
Beijinhos.

Anete disse...

Beleza em cada expressão de amor, ternura e gratidão.
Agora já de volta depois de uma boa pausa. É muito bom, Graça, visitá-la neste novo ano.
Uma descansada noite... Bjs

Luma Rosa disse...

Oi, Graça!
Os elos com as pessoas que amamos jamais se desfazem e ultrapassam as barreiras das dimensões estelares. Que dirá com a mãe, ser divino colocado na terra para nos cuidar? Uma mãe mesmo que por pouco tempo, coloca seu filho no colo e jamais esquece aquele ser tão necessitado de cuidados. Crescemos e quem tem ainda sua mãe deve agradecer aos céus. Quem não tem, vive das lembranças e a saudade torna-se uma dor que só aumenta com o passar dos anos.
Beijus no coração!!

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Olá Graça.
Estou visitando os
Blogs que aprecio e
aqui é o 2° que venho.
Percebi que tanto
aqui quanto no Pedro Luso
o tema são lembranças.
E me faz muito bem
ler Vocês e caminhar
em minhas lembranças através
da escrita de Vocês.
Bjins
CatiahoAlc.

Jaime Portela disse...

Um poema tocante, que nos envolve e emociona.
Gostei imenso, excelente.
Continuação de boa semana, amiga Graça.
Beijo.

Portugalredecouvertes disse...

Bom dia Graça
quanta sensibilidade na beleza das palavras
emocionante, um texto que nos toca na alma
com doçura e o branco puro das açucenas
beijinhos, continuação de um bom ano que nos traga saúde e tranquilidade

Olinda Melo disse...


"Um fio de luz" que alumia e conduz o fio
dos pensamentos tornados lembranças e
recordações. Dir-se-ia que são tempos que não
se repetem. Mas, repetem-se nesses vislumbres
e no refazer de sonhos e desejos intemporais.

Belo poema, querida Graça. Adorei ver a
sua sensibilidade poética em cada verso.

Beijinhos
Olinda

Lúcia Soares disse...

Boa noite amiga

manuela barroso disse...

Como consegues exprimir de forma tão plena a meninice com a doçura da inocência dos lírios e o esplendor do tempo onde o tempo nunca acaba, e os sonhos inundam todos os nichos do pensamento.
Mas eis que esse trajecto mental é interrompido pela recordação mais suave das recordações! Mas a suavidade das tuas palavras transpõe o limiar da saudade. E nasceram saudades em mim.
Belo, querida Graça, como sempre
Um grande beijo para ti

Isa Sá disse...

A passar por cá para conhecer mais um bonito poema.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

teresa p. disse...

"Hoje acordei e voltei a adormecer no teu colo, mãe..." Palavras comoventes e plenas de sensibilidade. O regresso das memórias da infância e da idade jovem enchem a alma de nostalgia e saudade, com lírios brancos a representar a inocência desse tempo. A mãe é o elo mais afetivo que nos une. é a estrela que nos guia e a quem muitas vezes recorremos, mesmo na sua ausência, nos momentos difíceis da vida. O poema é belíssimo e tocante. Gostei demais.
Beijo.

lanochedemedianoche disse...

Siempre el consuelo de Mamá es positiva, mas cuando el mundo rueda así diferente. Muy bello poema.
Abrazo

LuísM Castanheira disse...

o regresso a um tempo onde
a pureza dos lírios
brancos lírios
perfumava a infância.
hoje, essa pequenina luz
brilha aqui (como dizia o Poeta)
para teu respirar.
a voz que oiço é tão distinta e
clara como as manhãs promaveris
a rasgarem caminhos
da memória.

belíssimo poema, querida amiga
com intensa e sensível saudade.

um beijo, Graça
e que estejas bem, assim como os teus,
de saúde e bem-estar. cuida-te muito.
bom fim-de-semana.

LuísM Castanheira disse...

*primaveris (corrijo)

eli mendez disse...

Que belleza!
Nuestras madres del cielo están siempre junto a nosotros y seguro que en esos momentos oscuros, de soledad, de incertidumbre, cuando necesitamos un consejo o una palabra nuestro corazón las llama y ellas están allí con su abrazo .
Un poema precioso!!!
Besosssss Grace y bonito fin de semana con salud y amor.

Juvenal Nunes disse...

Belíssimo poema comandado pela saudade, em que as palavras expressam as indeléveis impressões contidas na alma.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Jaime Portela disse...

Passei para ver as novidades.
Mas gostei de reler, porque o que é bom nunca cansa o leitor.
Bom domingo e boa semana, amiga Graça.
Beijo.

fatimawines disse...

A nossa mãe é um refúgio seguro. Quantas vezes, penso nela e, independentemente, estar fisicamente, será sempre um caminho com destino ao infinito.
A sua poesia é fermento para produzirmos o pão que nos alimenta espiritualmente.
bj.

Laura. M disse...

Lindo homenaje. Cuanto se las añora cuando ya no están. Gracias.
Buen lunes Graça.
Un abrazo.

José Carlos Sant Anna disse...

E dessa "pureza dos lírios brancos" que precisamos. Delicado poema, Graça!
Este é para ler, reler e decorar e recitá-lo como se nosso fosse. Tão bonita esta poética reinvenção da infância e tão comovente a confissão deste amor filial.
Um beijo, minha amiga Graça! Cuidando-se sempre!

lupuscanissignatus disse...

alma mater

solfirmino disse...

Essa união de lembrança e fragilidade é muito triste. Eu sempre choro muito vendo minhas fotografias. Para escrever o poema Linhagem foi um sofrimento, muitas lembranças de infância. E meus pais estão vivos...
Sempre um ótimo poema, minha amiga. Beijos

Ana Freire disse...

Absolutamente emocionante, este poema, tão especial, e que me tocou fundo, Graça!
Acho que não são necessárias mais palavras!... Um beijinho grande!
Ana